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A PRIMEIRA PROFESSORA A GENTE NUNCA ESQUECE


  31 de dezembro de 1969

A PRIMEIRA PROFESSORA A GENTE NUNCA ESQUECE(baseado em fatos reais)                                                                  
José Carlos Buch 

Um dos nossos últimos escritos publicados no extinto “Notícia da Manhã”,  constituiu-se na tentativa de homenagear os amigos de infância com os quais vivemos momentos imorredouros nos altos da SICOPAM(com M, como oportunamente bem lembrou o colega advogado  Dr. José Antonio Carvalho). Naquele singelo artigo, “Amigos de infância que (nunca) se foram”, citamos algumas professoras que moldaram a nossa personalidade e, também,  de tantos outros meninos pobres do tradicional bairro São Francisco. Sem deixar de reverenciar a todas as mestras educadoras daquela época, o fato é que a que mais marcou e ainda continua indelevelmente incrustada em nossa memória é a professora do primeiro ano. De baixa estatura, sempre de saltos altos, esmalte e batom vermelhos, cabelos negros de médio comprimento e, a destacá-los um majestoso topete, a saudosa  Yeda Barreto Hernandes, impunha a sua beleza e seus encantos com altivez, própria daquelas pessoas que não se limitavam a ver o mundo limitado ao seu horizonte. As carteiras eram duplas e, no centro, um tinteiro de uso comum para que os dois alunos pudessem abastecer a caneta tinteiro, já que a caneta esferográfica, apesar de ter sido inventada na década de 30 pelo jornalista hungáro Laslo Biro, ainda era um artigo raro e não popular. Contudo, no primeiro ano era proibido usar caneta, apenas lápis número 1(haja ponta!). Aula de caligrafia era obrigatória em todos os dias e a cartilha “caminho suave”, começando com “a” de abelha, passando por “g” de gamela “p” de pato e terminando com “z” zabumba, indispensável no dia-a-dia dos pequeninos iniciantes. Professora Yeda passava a lição e, não raras vezes, pegava a mão dos que tinham maior dificuldade, sequer imaginando que esse singelo gesto, muito mais do que traçar vogais repetidamente, estava proporcionando o descortinar do mundo àqueles pobres meninos. E a alegria daqueles que conseguiam grafar o próprio nome e a identificar pequenos vocábulos? Indescritível e incomensurável! É claro que nunca nos destacamos como o primeiro da classe já que estávamos  sempre no bloco intermediário. Nunca nos frustramos por  isso, pois os cinco primeiros, infelizmente não se deram bem profissionalmente e, tampouco, no plano pessoal. Mas, o que mais nos marcou na figura da professora Yeda foi o fato de  termos sido escolhido imerecidamente por ela, naquele ano de 1.957, como o “melhor companheiro” da classe, fato que nos  levou a concorrer com outros escolhidos das demais classes e, assim,  indicado para representar o então “Grupo Escolar de São Francisco” e contemplado com um presente e um certificado oferecidos pelo Rotary Club, cujo presidente era sr. Benedito Pio da Silva. O certificado, infelizmente, desapareceu nas prateleiras do tempo, mas o presente que eu sonhava ser uma bola de “capotão”, veio representado por uma  caneta tinteiro(é claro!) com o nosso nome gravado da qual,  restou apenas a pena que,  na minha doce ilusão de menino pobre,  imaginava ser de ouro. Já se passaram algumas décadas daquele doce tempo,  mas permanece na memória  o registro indeletável e inapagável  da professora Yeda Barreto Hernandes, uma mestre educadora que fazia da profissão de educadora um ideal de vida e que a fez trilhar com sabedoria a missão traçada por Deus. Parodiando o comercial  — a primeira professora a gente nunca esquece. Ainda bem que isso ocorre com muitos.                                                                                   

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