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QUASE


  6 de julho de 2021

QUASE  

                                                                           José Carlos Buch

Recebi esse texto pelo WhatSapp e achei-o tão interessante que resolvi compartilhá-lo com os leitores. Transcrevo-o ipsis litteris. – “Quase”, postado abaixo, foi escrito em 2002 por Sara Westphal, numa sala de cursinho preparatório para um segundo vestibular de Medicina. O professor pediu licença para ler em voz alta a redação da mocinha e duas ou três colegas gostaram tanto do texto que lhe pediram uma cópia, as quais ela fez à mão.  Desde então, “Quase” mudou a vida de muitas pessoas… Quatro anos depois e Sara na faculdade de Medicina, num domingo de Páscoa, leu no jornal, na coluna de Luís Fernando Veríssimo, algo que dizia assim: “Eu gostaria de encontrar o verdadeiro autor de “Quase” para agradecer a glória emprestada e para lhe dar um recado”. E eis que ali estava ela, reconhecendo o texto que um dia escrevera na sala de cursinho… Do contato com Veríssimo, ficou sabendo que “Quase” havia sido traduzido para o francês “Presque” e que fazia parte de uma coletânea de grandes nomes de escritores brasileiros, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e outros, lançada no Salão do Livro de Paris… O “Quase” de Sarah rodou o mundo: “Minha redação de cursinho cruzou o mundo como se fosse do Veríssimo… Virou letra de música, tatuagem, rap na Guiana Francesa, espetáculo de dança, questão de vestibular, de concurso público, e até anúncio de funerária. Fez parte das turnês de Ana Carolina e também foi lido pela Ana Maria Braga”. Mas para Sara, demorou ainda mais uns anos até que largasse a Medicina e se tornasse jornalista… na Austrália. Ah!, essa internet…. QUASE,  de Sara Westphal –

“Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros, há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”

Lindo, não é mesmo? No final de 2019 escrevi um artigo com o título “E se…”, nessa linha e que foi publicado nesse jornal.   

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