O PORTUGUÊS DE LÁ NEM SEMPRE É COMO CÁ
José Carlos Buch
Se você nunca esteve em Portugal, não sabe o que está perdendo e, certamente não se arrependerá de inclui-lo no seu próximo roteiro. E, se você já conhece aquele país, vale a pena voltar. Portugal é um desses poucos lugares em que sempre fica o desejo de quero mais. Além de histórico, possui uma gastronomia que é impossível não agradar até os mais exigentes. Em Portugal, você come bacalhau todos os dias e não se cansa de repetir essa iguaria. Não muito diferente é o pastel de nata(pastel de Belém é apenas uma marca), presença obrigatória em todos os cafés, confeitarias(e são muitas!), bares, restaurantes e até mesmo nos hotéis, sem contar com a suavidade dos vinhos de Alentejo e o incomparável sabor intenso do vinho do porto. O povo é hospitaleiro e a língua é um fator facilitador em tudo. Portugal convive harmonicamente com o histórico e o moderno; o fado, o hip-hop e o rap; o vinho e a super book(cerveja do Porto mais consumida no país); os monumentos históricos e o moderno Pavilhão Atlântico(construído para a Expo 98); os bondinhos e as modernas linhas de metrô; as carrinhas e os carrões(BMW, Mercedes, Aundi, Range Rover, etc). Enfim, os portugueses relacionam-se muito bem com mais de seiscentos mil brasileiros que lá moram, trabalham ou estudam, mas estão incomodados com o número de imigrantes da Índia, Paquistão, Romênia, Ucrânia, Cabo Verde e principalmente muçulmanos, que, a maioria sequer fala o português. E, por falar em português, muitas palavras dessa mesma língua, considerada mãe, não se fala cá. Assistindo o jogo da Eurocopa, o narrador assim descreveu um lance: A equipa de Portugal está a merecer um gol, mas no pontapé livre(cobrança) no canto(escanteio) a carcasa(corpo) de Cristiano Ronaldo perto da meta(gol) não estava, então ficou fácil a intervenção do guarda metas(goleiro). O comentarista que intervinha na narração a todo instante, sacou: “Cristiano Ronaldo que veste a camisola(camisa) 10, não adianta ficar queixoso(reclamando) já que está a jogar mais como trinco(que atua entre o meio de campo e o ataque), e dessa maneira a equipa está a ficar na calda da lista classificativa(final da lista de classificação), estando a perder de dois bolas a um(dois gols a um), isso tudo no minuto 85(quarenta minutos do segundo tempo). Eita narração excogitável! A gente até entende mas soa estranho, não é mesmo? Algumas outras palavras também são diferentes, exemplo: comboio(trem), carruagem(vagão), carrinha(carro), gajo(moço, jovem), rapariga(moça, mulher), miúdos(crianças), auto bus(ônibus), pastel de bacalhau(bolinho), cacete(pão francês), bica(cafezinho), peão(pedestre), pica(injeção), propina(mensalidade, parcela mensal), durex(camisinha), fita cola(durex), gira/o(interessante, engraçado), imperial(chopp), rebuçados(balas de doces), bicha(fila), guarda lamas(para lamas), hospedeira(comissária de bordo – aeromoça), sebenta(apostila), casa de banho(banheiro), pequeno-almoço(café da manhã), cuecas(calcinha, ops!!!), telemóvel(celular), autoclismo (descarga), passadeira(faixa de pedestre), frigorifico(geladeira), agrafador (grampeador), esferovite (isopor), fato(terno) e por aí vai… No começo a gente acha incomum e até mesmo engraçado, mas depois se acostuma. Às vezes não parece que estamos a falar(eles não usam “falando”, ou seja, o tempo nominal do verbo no gerúndio) a mesma língua. Eles acham estranho como falamos ou estamos a falar e nós, é claro, não menos diferente pensamos!
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