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  31 de dezembro de 1969

DE 25 DE MARÇO A 25 DE DEZEMBRO


DE 25 DE MARÇO A 25 DE DEZEMBRO                                                                                                                                                                           José Carlos Buch 

O genial Frei Beto observou que de 25 de março a 25 de dezembro, decorrem exatos nove meses, tempo em que o menino Jesus permaneceu abrigado no ventre de sua mãe Maria. Pena que  25 de março é nome da rua mais movimentada do nosso país e paraíso das compras para onde aportam pequenos empresários e sacoleiros de todos os cantos e de todos os estados. Já o 25 de dezembro, longe de  comungar com o verdadeiro espírito do Natal e,  bem diferente de outros tempos, virou data essencialmente comercial, verdadeiro festival do consumo,  onde o profano se sobrepõe, lamentavelmente, ao sagrado. Isso faz com que muitos de nós, movidos por um sentimento de tristeza, melancolia e perplexos nos perguntemos — Jesus, o que fizeram com o seu Natal?  Mas, felizmente  há ainda os que sonham com o “papai-noel” e desconhecem essa estranha dicotomia – Natal x consumo excessivo. Nesse time estão as crianças, principalmente as mais pobres que, na sua ingenuidade e pureza e,  embora bombardeadas por anúncios e apelos de brinquedos, jogos e equipamentos eletrônicos veiculados à profusão  pela televisão, não faltando os artigos da moda como  MP3, Ipod, DVD, ainda assim se aventuram a escrever cartinhas ao “papai-noel”, pedindo roupas, sapatos, empregos para o pai ou para a mãe e, se possível um brinquedinho. É claro que chegam também os pedidos absurdos e inexeqüíveis  desde computador, aparelho de som e até mesmo TV tela plana, mas esses são uma minoria. São centenas de cartinhas a espera dos anônimos “papais-noéis” e, por trás de cada pedido, de cada letra garranchada da criança ou da própria mãe, está o sonho de que o bom velhinho haverá de aparecer durante a noite do Natal trazendo a esperança de emprego aos pais,  a roupinha nova e o tão sonhado brinquedo. É certo que o pedido de emprego nem sempre é atendido, posto que muito além das forças dos anônimos revestidos do espírito de “papais-noéis”,  mas a roupa e o brinquedo invariavelmente são entregues, proporcionando alegria a quem recebe e certamente alegria maior para quem realiza o sonho dos pequeninos, não deixando, assim, morrer a magia do Natal. Se você não quer que o mercantilismo substitua o espírito natalino, vai aqui um recadinho: Ainda é tempo de conquistar um pouco da alegria comungando do verdadeiro espírito de Natal. Basta tão somente ir até ao correio e escolher o sonho que pretende realizar. Assim fazendo, você poderá estar certo de que o seu Natal e de um outro semelhante não será o mesmo. E lembre-se que na vida passamos por três fases: na primeira acreditamos em papai-noel, na segunda não mais acreditamos e na terceira somos papai-noel.                 

advogado tributário www.buchadvocacia.com.br                                       colaborador do Notícia da Manhã

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