A FARRA DOS BOLETOS BANCÁRIOS
“Brasil? Fraude explica.”
Carlito Maia
A informatização e a sofisticação do sistema bancário fizeram surgir em nosso país a farra dos cartões de créditos que eram enviados à profusão via correio. Bancos e empresas operadoras de cartões, inescrupulosamente encaminhavam cartões com a promessa de dispensa de mensalidade e facilidades mil. A grita foi tão grande que o nosso paquidérmico Congresso Nacional colocou fim à brincadeira aprovando medias legais estabelecendo pesadas sanções pelo envio inadvertido de cartões de crédito. Agora estamos convivendo com a farra dos boletos bancários. Revistas de todos os segmentos, editoras de listas telefônicas, associações inexistentes e duvidosas e até mesmo sindicatos de fachadas, têm se utilizado do famigerado boleto bancário para enviar cobranças e amealhar mensalidades inexistentes e indevidas e, o que é pior, levando os menos incautos a pagar por algo que não devem. Uma vez pago, dificilmente o dinheiro será recuperado e, em muitos casos, pode ensejar a filiação automática na respectiva entidade de araque, dando azo a outras cobranças. Assim, a indústria dos boletos campeia solta em nosso país locupletando muitos vivaldinos que se valem da omissão do poder público em impor limites a esse festival arrecadatório. Até poucos dias atrás era comum receber em casa uma estampa irretocável de Nossa Senhora de Fátima, impressa em fino papel acompanhada de boleto bancário para contribuir para uma tal associação, que recentemente descobriu-se era uma verdadeira arapuca. Até que isso ocorresse quantos não foram os lesados e traídos em sua boa-fé? Provavelmente você ou alguém da sua casa caiu nesse engodo. Se de um lado é bem verdade que faltam leis específicas para coibir esse abuso, de um outro, os bancos também têm sua parcela de culpa já que fornecem caixas e caixas de boletos bancários a qualquer associação ou entidade mequetrefes. Basta ter um nome qualquer, de preferência pomposo ou apelativo, uma inscrição no CNPJ ou mesmo estar cadastrado em qualquer banco de dados e pronto, a armadilha está montada para você ser a próxima vítima. Da mesma forma que os nossos governantes deram um basta na emissão e envio descomensurados de cartões de crédito, espera-se igual medida em relação aos indigitados boletos bancários que movimentam cifras astronômicas e vultuosas, enriquecendo vivaldinos, proporcionando polpudos ganhos aos bancos e subtraindo recursos dos menos avisados.
Este artigo é dedicado a todas as vítimas que recebem boletos bancários de produtos e serviços não solicitados)