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BONS TEMPOS AQUELES…(PARTE III-FINAL)


  30 de maio de 2011

BONS TEMPOS AQUELES…(PARTE III-final)

                                                                 José Carlos Buch

Quando se aborda uma ou duas décadas, corre-se o risco de não se registrar pessoas, estabelecimentos e fatos que não poderiam passar despercebidos. Os anos setenta ficaram conhecidos como “anos dourados”,  enquanto que a década de sessenta ficou marcada pela mudança do regime político e violenta repressão,  por conta do golpe militar  de 1964,  que teve o mérito de ter sido uma verdadeira usina ou berço,  ao produzir e forjar(no duplo sentido) a grande maioria dos nossos governantes atuais. Catanduva, além das lojas, bares e restaurantes citados nas partes “I” e “II”, contava com outros estabelecimentos e pontos de destaque e que precisam ser lembrados. O bar do “Fukuda”,  na Rua Minas Gerais esquina com Rua Ribeirão Preto, onde hoje é uma farmácia,  ficava aberto 24 horas, foi o primeiro a produzir sorvete picolé de groselha e, ainda,  o primeiro a empilhar melancias em forma de pirâmide,  próximo à porta,  deixando exposta uma fruta cortada em 4 partes para atrair os fregueses. Dr. Cervantes Ângulo, Dr. Manoel dos Santos Quelhas(ambos médicos conceituados), Manoel dos Santos,  José B… Correa, entre outros, eram os freqüentadores mais assíduos desse bar. O  bar  do “Sr. Mendes”, na Rua Sergipe, antes da Rua Maranhão, onde é hoje as “Casas Bahia”,  era o predileto, em todos  os finais de tarde,  do empresário  Theodoro Becker  que, como bom alemão, não se  contentava com pouca cerveja.  O restaurante “Aeroporto” em dois ambientes(térreo e mezanino), parte integrante do Auto Posto do mesmo nome que pertencia ao Paco (Francisco  Richarte Fernandez) e seu genro Moacir Montisseli,  marcou época como um dos pontos da gastronomia mais freqüentada pelos jovens da cidade.  De se lembrar, ainda,  da tradicional venda do “Cassará”, na Rua Sergipe, antes da 24 de Fevereiro,  que manteve as portas abertas por décadas,  até encerrar suas atividade há pouco mais de dois  anos. Nos altos do São Francisco, na então não extensa Rua 15 de Novembro, se destacava o “Bazar Marli”, da Ider Tagliari Bugatte, uma mulher notável que começou a vida empresarial no fundo da sua casa e construiu uma loja de armarinhos de fazer inveja. De inesquecível lembrança, também, Antonio Rondon Rodrigues “Toninho”,  criador do “Guidão de Ouro” que vendia bicicletas e máquinas de costura e, que foi o primeiro a acreditar no potencial comercial da Rua Maranhão ao se estabelecer próximo à Rua Minas Gerais por volta de 1960. O tempo provou quão acertada foi a sua presciência.     Benjamim Rodrigues, Siri, Orlandinho, Antenor Rossi, Italiano, Olívio Benati, Rissieri e Genovês eram os taxistas choferes  dos impecáveis  “Fords 48” pretos  com pneus de faixas brancas, sempre invejavelmente limpos e  que contava, ainda,  com o  Repolho, o único que destoava do grupo por possuir uma Komb táxi.  Todos faziam ponto em frente a Estação da EFA, quase na direção da escada do viaduto de pedestres, sob a sombra de frondosas árvores do tipo “chapéu de sol”. A mesma sombra se estendia até o bar da “Marina”,  na esquina onde é hoje uma garagem de veículos e  de onde, a cada 10 ou 15 minutos,  o ar era tomado pelo aroma delicioso do café fresco feito no coador de pano e servido no balcão, como era hábito. Nessa mesma esquina, um poste preto de ferro era o ponto do ritual diário do “pica papel”, um senhor que tomava um jornal e o picava em pequenos pedaços do tamanho de um comprimido para, em seguida, jogá-los todos para o ar, forrando o chão de papel picado, pacientemente  recolhidos pela Marina,  com uso de uma vassoura.    Outro ponto de táxi tradicional, desta feita somente dos pequenos “biribas”,  como eram conhecidos os “Fords Perfects” que, de tão ruins, hoje não existem nem pra remédio, ficava na Rua Pernambuco, esquina com a Rua Brasil,  bem ao lado do prédio do antigo Banespa. Bem em frente existia a  “Pensão Lisboa” que,  depois passou a se chamar “Pensão Itamaraty”, da Dona Olga,  onde se hospedou por meses, até concluir o curso de piloto e tomar o tradicional banho de óleo,  o comdte. Rolim Amaro, fundador da TAM, à época um menino pobre nascido na pequena cidade de Pereira Barreto e que teve a sorte de ter o curso bancado por três amigos da cidade, os então jovens empresários José Pedro Mota Sales(Alemão), Julio César Marino e Mairton Monteleone. A empresa de ônibus “Caparroz” da família do mesmo nome,  capitaneada pelo abnegado e então mega empresário Sr. João, nas tradicionais cores verde e branco,  era a opção de transporte de pessoas  para as cidades circunvizinhas e pasmem, as famosas jardineiras possuíam uma escada na parte traseira e transportavam passageiros, sobre o teto(que risco!!!), principalmente para as áreas rurais. Nas viagens para São Paulo, além do automóvel(fusca e companhia),  na sofrível Washington Luis de pista simples,  a opção era o trem da EFA com os modernos vagões  de cabines asseadas, ou os ônibus da Viação Cometa, Expresso Brasileiro ou Cobratur,  que competiam entre si ou, ainda a via área,  embarcando nos famosos  DC3 da Viação Real,  que levantavam nuvem de poeira ao pousar e ao decolar na pista de chão batido do  aeroclube. O cenário e as reminiscências das duas décadas nostálgicas terminam aqui, mas permanecem vivo na memória e na lembrança dos que tiveram a felicidade de dançar nas brincadeiras,  ao som de uma sonata(nem existe mais), assistir aos jogos do Catanduva Esporte Clube e depois do Grêmio Esportivo Catanduva, aos domingos à tarde tomando uma cerveja ou guaraná Antarctica  vendidos  pelo Mandrake, funcionário da distribuidora de bebidas Soubhia,  e presenciando o Parral(policial fanático) que fazia a segurança dentro do gramado, ser acusado de xingar o juiz e ser  expulso de campo injustamente pelo árbitro ou, ainda,  achar graça  ao ver o Pindorama(um baixinho atarracado)  próximo do alambrado perseguindo, pressionando e importunando o bandeirinha durante os 90 minutos(que saudade!). Certamente, não será igualmente esquecido por aqueles que um dia achavam o perfume “Lancaster”(Argentino) o máximo, sonhavam em comprar o primeiro carro, mas se contentavam com uma “Lambretta” ou uma “Vespa”  e se realizavam ao comprar a  primeira calça jeans “Lee”,  um sapato “Passo Doble” ou “Vulcabrás” ou,  ainda um tênis “Keds”,  “Bamba” de cano alto,  ou “All Star”. Seguramente se mantém indelével na memória dos que tiveram o privilégio de  aqui nascer ou mesmo adotar a cidade,  crescer e constituir família e hoje podem ser orgulhar de ver no passado um presente para o futuro.

                                                        advogado tributário

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