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MADE IN CATANDUVA DE ANTANHO


  13 de fevereiro de 2013

MADE IN CATANDUVA DE ANTANHO

                                                                 José Carlos Buch

A música “Disparada” e a frase “Prefiro o cheiro dos meus cavalos ao cheiro do povo”, além do fato de fazer alusão aos animais em detrimento dos homens, certamente  tem algo muito  mais  em comum. Em 15 de março de 1979, o então general João Batista Figueiredo, após ter sido eleito pela ARENA em  eleição indireta,  foi  empossado como o 30º presidente do Brasil e o quarto e último do  governo militar pós golpe de 1964. Governou o país com o seu jeitão “deixa que eu chuto” até o dia 15 de março de 1985, quando então foi sucedido por Tancredo Neves que, escolhido em eleição indireta pelo colégio eleitoral,  faleceu antes de tomar de posse, assumindo em seu lugar o execrável patarata José Sarney,  de tantos malfadados planos econômicos e outros descalabros. Pouco antes de assumir o governo, no final de 1.978,  o presidente Figueiredo,  para se tornar mais popular e por recomendação do então SNI que pretendia fazê-lo “João do Povo”,  visitou alguns estados e fez questão de conhecer pessoas e lugares viajando de trem. E, foi assim, que a FEPASA equipou um comboio para transportar o presidente e comitiva,  partindo de São José do Rio Preto até São Paulo, salvo engano, com paradas nas principais cidades.  Esse colunista, representando a J. Marino,   e  o José Mariano Paraguassu (já falecido), representando a COCAM, ambas grandes empresas do segmento da rubiácea que atuavam no mercado de exportação,  teve a oportunidade de conversar por 15 minutos com o então presidente eleito, no trajeto S. J. Rio Preto/Catanduva. Vários jornalistas acompanhavam a comitiva, inclusive o Carlos Nascimento, hoje  apresentador do SBT e, à época, um jovem  repórter no início de carreira na TV Globo.  A breve parada na cidade ensejou uma caminhada até o café da esquina,  quando então o presidente, cercado de pequena multidão,   cunhou a célebre frase  — “Prefiro o cheiro dos meus cavalos ao cheiro do povo”, que foi manchete no jornal “Folha de São Paulo”, e o martirizou pelo resto da vida. Em 1.966,  Geraldo  Pedroso  de  Araújo  Dias Vandregísilo, o verdadeiro nome de  Geraldo Vandré, segundo relatos da época, após fazer um show em nossa cidade, retornou a São Paulo utilizando-se de uma das confortáveis e luxuosas cabines do trem leito da então EFA(Estrada de Ferro Araraquarense). No trajeto até à Capital teve a idéia de escrever a letra de “Disparada” que,  musicada por Théo de Barros, tornou-se uma das composições mais executadas na interpretação de Jair Rodrigues. Na verdade,  a música lançada em 1966, fazia uma dura crítica à ditadura vivida na época. “Eu venho lá do sertão”- retratava o presidente que foi retirado do poder, João Goulart,  nascido em São Borja no interior do Rio Grande do Sul. É preciso lembrar que,  tanto “Disparada” como “Pra não dizer que não falei das flores”, de 1968 e proibida de ser executada pela censura,  do mesmo Geraldo Vandré,  se tornaram hinos anti ditadura e marcaram  época embalando a juventude em pleno regime de repressão. Esses dois fatos mostram que a cidade poderia ser lembrada também como fonte de inspiração para uma música de protesto que passou batida pela censura e  que se tornou um clássico da nossa MPB e,  ao mesmo tempo,  fonte de inspiração a uma das mais infelizes frases ditas por um presidente da República, numa época em que tudo era proibido, inclusive a liberdade de criar. Pouco adiantou!            

Este artigo é dedicado à professora  Rosa  Magali Fortes Mestrinelli que, no exercício da árdua, mas gratificante missão de ensinar,  soube honrar à altura o nome do seu saudoso pai Giordano Mestrinelli, responsável pela instalação do SESC em nossa cidade, dentre outras conquistas.

                                                                 advogado tributário

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