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O LIXO DO NAVIO PELICANO E O NOSSO


  10 de junho de 2013

O LIXO DO NAVIO PELICANO E O NOSSO

                                                                 José Carlos Buch

Johann Goethe escreveu:  — “Você já ouviu falar do “Pelicano? O “Pelicano” é o navio mais indesejado do mundo. Desde 1986 ele tem sido o errante dos mares. Ninguém o quer. O Sri Lanka não o quer. As Bermudas não o querem. A república Dominicana o expulsou. A mesma coisa fizeram a Holanda, as Antilhas e Honduras. O problema não é o navio. Embora enferrujado e inoportuno, o cargueiro de 466 pés apresenta boas condições de navegação. O problema não é a documentação do navio. Os proprietários atualizaram a licença e as taxas foram pagas. O problema não é a tripulação. Eles podem sentir-se indesejados, mas não são ineficientes. Então, qual é o problema? Qual é a causa para anos de rejeição?
Recusado no Sri Lanka. Expulso na Indonésia. Rejeitado no Haiti. Por que o “Pelicano” é o navio mais indesejado do mundo? É simples. Ele está cheio de lixo. Quinze mil toneladas de lixo. Cascas de laranja. Garrafas de cerveja. Jornais. Restos de cachorros-quentes. Lixo. O lixo do longo verão da Filadélfia, em 1986. Foi quando os trabalhadores municipais fizeram uma greve. Foi quando o lixo cresceu mais e mais. Foi quando o estado da Geórgia o recusou e Nova Jersey não o quis. Ninguém quis o lixo de Filadélfia. Foi assim que o “Pelicano” entrou em cena. Os proprietários pensaram que ganhariam um dinheiro fácil com o transporte do lixo. O material foi queimado e o navio foi carregado com as cinzas. Mas ninguém as quer. No inicio, o problema era sua grande quantidade. No final era um lixo muito antigo. Quem vai querer lixo potencialmente tóxico? A situação do “Pelicano” é uma prova.” Recentemente o Rotary Norte teve a oportunidade de homenagear três garis – Benedito Eduardo Andreato(64 anos), Alessandro Verguti(54 anos) e Eduardo José Rodrigues da Costa(46 anos), todos da empresa Arclan. Esses homens, que não são mais jovens e  que recolhem a nossa sujeira,  chegam a correr e caminhar quase sessenta quilômetros por dia, enquanto que o caminhão no qual se empoleiram na traseira,  percorre num único dia mais de duzentos quilômetros. Nossa cidade com uma população de pouco mais de 110.000 habitantes produz aproximadamente 3.800 toneladas de lixo por mês, uma média mensal de 34 quilos por pessoa, ou mais de um quilo por dia. Sem reciclar praticamente nada,  com raras exceções por conta de alguns poucos condomínios que o fazem, caso específico do Edifício Vitória Régia, que separa o lixo reciclável e o óleo de cozinha que são entregues, respectivamente,  para a cooperativa “Luxo do Lixo” e “Fertibom”, estamos enterrando matéria prima. É muito lixo produzido e, o que é pior,  muito óleo de cozinha jogado na rede de esgoto, lembrando que cada litro desse óleo é suficiente para contaminar 20 mil litros de água dos nossos rios.  São, também,  toneladas de papel, papelão, plásticos, vidros e até mesmo metais que poderiam ser reaproveitados poupando milhares de árvores de serem derrubadas e preservando recursos naturais. A cidade que pode ser orgulhar de não ter mais os seus rios como esgoto a céu aberto e está prestes a tratar todo o seu dejeto doméstico, precisa cobrar das autoridades uma política de reciclagem do seu lixo, começando com campanhas educativas. Seguramente navios cheios de lixo não conseguirão aportar em lugar algum e cidades que não reciclam o lixo que produz,  continuarão como de terceiro mundo e olhadas com desdém pelos investidores, por mais feitiço que tenha no nome. O Pelicano seria acolhido em qualquer porto se estivesse transportando flores ou cereais e os nossos caminhões de lixo seriam melhor aproveitados se transportassem somente lixo orgânico. A natureza não merece tanto desaforo e tanta agressão!      

                                                        advogado tributário

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