TER ORGULHO,  TER VERGONHA…

                                                                  José Carlos Buch

É de se ter orgulho de governantes sérios que não se valem do cargo para amealhar riquezas e primam pela honestidade(são poucos, mas existem – Geraldo Alkmin, é um exemplo); há de se ter  vergonha dos governantes que, ao invés do interesse público impõe e negociam polpudas comissões para se locupletar do dinheiro, que em última instância sai do bolso do povo. É de se ter  orgulho dos atletas brasileiros que, mesmo sem apoio e até mesmo sem estrutura, desfraldam a bandeira do nosso país nos pódios  mundo afora; há de se ter  vergonha de um país cuja justiça absolve do crime capitulado na lei da ficha limpa e permite a diplomação de  político  condenado em outros países por crime de evasão de divisas e corrupção, tendo contra si ordem de prisão e está sendo procurado pela Interpol. É preciso ter orgulho do juiz federal Sérgio Moro que levou para a cadeia a raia graúda, por conta da operação “Lava Jato”,  e promete a condenação de muitos; não há como não ter vergonha da lentidão inaceitável do judiciário que demorou 12 anos para anular o processo do “Sombra” no caso do prefeito de Santo André, Celso Daniel e, passados 14 anos,  o Supremo ainda não julgou a inconstitucionalidade da LC 105/2001, que trata da quebra do sigilo bancário dos contribuintes, dentre tantos outros processos.  É motivo de  orgulho  ter sido governado por um homem culto, estadista e reconhecido internacionalmente como Fernando Henrique Cardoso; é de  ser ter vergonha dos atuais mandatários que, para se tornarem donos do poder se envolveram em falcatruas do tipo “mensalão” e mais recentemente “petrolão”, quase  quebrando a Petrobrás(então a maior empresa brasileira)  e,  o que é pior, permanecem no poder. Deve-se orgulhar ao ver o trabalho de hospitais de ponta que prestam atendimento de primeiro mundo,  sem cobrar absolutamente nada, do tipo: Sara Kubitscheck, Fundação Pio XII(Hospital do Câncer de Barretos), Hospital do Câncer de Jau e Dante Pazzanese; é para sentir vergonha ao ver  cenas na TV com denúncias de prefeitos desviando verbas destinadas à  merenda e à saúde,  enquanto crianças, adultos e velhos morrem sem atendimento, principalmente nos corredores dos hospitais, que estão caindo pelas tabelas.  É de se orgulhar dos brasileiros que deram a vida às causas sociais, como Chico Xavier, Dra. Zilda Arms  e Irmã Dulce e àqueles que se dedicam voluntariamente  a cuidar de creches e asilos; há de ter  vergonha de pessoas que fazem uso da “carteirada” para levar vantagem para si ou para outrem, em detrimento de prejuízo do erário. Há de se ter orgulho do sistema bancário brasileiro, considerado dos mais modernos e evoluídos do mundo; é de sentir vergonha os juros praticados no país, um dos mais caros do planeta e uma das maiores cargas tributárias do mundo, sem contrapartida à população. É motivo de  orgulho a obra executada pela AEC, uma associação que congrega pessoas voluntárias que, com os recursos obtidos na comunidade, reformou uma ala inteira do Hospital “Emílio Carlos”; É de ter vergonha de se viver num país onde alguns muitos  médicos recebem comissão(propina) de empresas interessadas do tipo “máfia das próteses denunciadas” pelo “Fantástico” e tantas outras sabidamente conhecidas no meio,  fazendo tábula rasa ao juramento de Hipócrates. É de se ter  orgulho da cidade que se escolhe pra se viver;  há de se ter vergonha do governo que se orgulha de contribuir com o bolsa família para mais de doze milhões de famílias, quando deveria se orgulhar de apresentar, a cada ano,  um número, cada vez menor de famílias contempladas  e dependentes do assistencialismo. Há de se ter orgulho das empresas brasileiras que se destacam pela sua tecnologia, caso específico da Embraer; é de ter vergonha dos governantes, não importa a esfera, municipal, estadual ou federal,  mancomunados, envolvidos ou comprometidos com empreiteiras que,  à custa de significativas propinas, ganham concorrência e executam serviços e obras de péssima qualidade. Exemplos não faltam!  Há de se ter orgulho da imprensa brasileira que não se intimida e denuncia as falcatruas de políticos e do governo; é de se ter vergonha de saber que o governo só é eficiente para cobrar impostos e o povo que se dane, e saber que a Receita Federal, apesar de toda informatizada, em nossa cidade e tantas outras,  só atende o público das 8h00 às 12h00. Há de se ter orgulho de morar numa cidade que não tem problema de água; é de se ter vergonha em lembrar que, por incompetência e teimosia do técnico Felipão,  tomamos 7 gols da Alemanha na última Copa do Mundo. Há  de se ter orgulho dos movimentos que estão insurgindo contra os desmandos dos governantes; é de ser vergonha de ver presidentes de associações, sindicatos, clubes, CBF,  etc, se perpetuarem no poder, sem que os nossos legisladores imponham  limites a esses mandatos. Há de se ter orgulho dos poucos amigos que se possui e das pessoas próximas que se possa admirá-las; é de se ter  vergonha dos traíras(todos nós colecionamos alguns),  pessoas invejosas,  que cospem no prato que comeram, que se vendem por dinheiro ou que traem aqueles que um dia os ajudaram. Há de ter orgulho da família, sempre e não ter vergonha de dizer que, apesar dos políticos,  nosso país ainda é um dos melhores pra se viver.                 

                                                        advogado tributário

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