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A HOMENAGEM QUE NÃO PODE SER FEITA


  10 de agosto de 2019

A HOMENAGEM QUE NÃO PODE SER FEITA

                                                                  José Carlos Buch

Sempre que possível,  este espaço é ocupado para homenagear pessoas.  Homenagear pessoas é sempre fascinante porque o mundo é das pessoas, é feito por elas e para elas, ainda que muitos possam pensar diferente. Então, exaltar o ser humano é muito gratificante, porém, as surpresas da vida nem sempre permitem fazer isso em vida. O catanduvense de coração e de alma,  José Lucena Filho,  era para ser homenageado pelo Rotary Club de Catanduva Norte,  no dia 31 de julho do ano passado pelo transcurso do dia do comerciante(16 de julho). Dias antes do evento,  ele descobriu estar acometido de grave doença que, dez meses depois, no último dia 4, o levaria para o outro plano,  aos 76 anos de idade. Este artigo é um resumo do que seria falado na reunião em que o homenageado não pode comparecer. É, também, um resumo da sua trajetória de vida voltada ao trabalho, contada por ele próprio. –  Filho de José Lucena  e Maria Dolores Lucena, nasceu na pequena Floreal em 10 de julho de 1943. O espírito de comerciante  revelou-se muito cedo, quando contava com 10 anos de idade ajudando o orçamento da família, vendendo ovos e legumes na pequena Tabapuã. A família, todavia, passou a morar no campo e ele e o irmão José, além de ajudar o pai na roça, percorriam a cavalo diariamente 6 quilômetros para frequentar a escola, onde chegaram a concluir até a 4ª série. Em 1961, após o falecimento do patriarca,   trocaram a então pequena Vista Alegre do Alto, onde residiam,  por Catanduva e aqui os irmãos  abriram o primeiro estabelecimento comercial –  na verdade um pequeno bar na Rua Curitiba, nº 521 – Bar Santo Antonio,  vendido três anos depois para entrega do prédio.  No primeiro ano da revolução de 1964, os dois irmãos,  em sociedade com o empresário Eduardo Tambor, abriram  o Empório São Paulo, na Rua XV de Novembro, nº 664, nos altos do São Francisco e, em 1976, transcorridos 12 anos, inauguraram o segundo empório na mesma Rua XV de Novembro,  nº 1080. A sociedade com o irmão João perdurou até 1986, quando então se separaram e marcou também a aquisição,  pelo homenageado,  do prédio na Rua Antonio Girol, nº 1104, onde tornou tradicional o Supermercado Santa Rita que, além da família, emprega 22 funcionários. Em mais de sete décadas,  vivenciou todos os tipos de crise e inflação alta no país, quando o valor obtido com a venda do produto num dia não era suficiente para repor a mesma mercadoria no dia seguinte. Algo parecido que está acontecendo na Argentina, onde o dinheiro se desvaloriza rapidamente, sem esquecer da situação alarmante e desastrosa  que está ocorrendo na Venezuela. O comércio para ele era um sacerdócio,  tal como sua vida de católico praticante, cursilhista  e homem de fé. Esse mesmo Deus que, com certeza permitiu que ele, após inúmeros assaltos em seu estabelecimento, saísse ileso até mesmo do último, ocorrido no início do ano de 2018, que o levou a arriscar a vida desmobilizando um assaltante  com a  arma de fogo em punho, fazendo-o a evadir-se do local junto com outro comparsa. Que perigo!!!  Sua vida, voltada ao trabalho começava antes das 7 horas e se estendia até as 19 horas, com direito ao descanso somente aos domingos após as 13 horas. Com toda essa ocupação, ainda sobrava-lhe tempo para ser um dos mais importantes colaboradores e abnegados da Igreja do São Francisco, onde participou ativamente de todos os eventos e trabalhos por muitos anos, inclusive como Vicentino. Há alguns anos passou a frequentar a Igreja Santa Rita de Cássia, que fica mais próxima do supermercado e, igualmente participava e colaborava ativamente com os projetos sociais e eventos da igreja. Um exemplo de ser humano, onde o trabalho e a humildade concorriam e disputavam espaço, mas conviviam harmonicamente. A vida cheia de estereótipos não é a que o José Lucena Filho viveu, pois seu legado de família, de trabalho e de exemplos constitui um patrimônio imaterial inestimável. Foi-se o homem, mas não a obra que ele erigiu com tanto amor e dedicação. Com certeza estava faltando um modelo de dignidade, altruísmo e humildade no céu.        

Este artigo é dedicado à sra. Maria Aparecida Brino Lucena, esposa,  companheira e fiel escudeira de 52 anos de convivência. Às filhas:  Sandra, esposa do Joaquim e pais do Bruno e Mariele; Kézia, casada com o advogado Dr. Guilherme e pais do Thiago e, Érica, casada com Ronaldo,  pais da Julia e do Gabriel. 

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