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BONS TEMPOS AQUELES…(PARTE I)


  23 de maio de 2011

BONS TEMPOS AQUELES…(PARTE I)

                                                                 José Carlos Buch

Se você está próximo das 60 primaveras acumuladas, certamente vai se lembrar com saudade de como foi gostoso viver a ingenuidade  das décadas de sessenta e setenta, fazendo uma viagem no tempo. A cidade contava com menos de 50 mil habitantes e  se notabilizava por produzir cafés finos. Chegou a ser chamada também de “capital do milho” com direito a visita do então presidente João Goulart, do Governador Carvalho Pinto, do Min. da Agricultura Costa Lima e do Presidente do Senado Auro Soares de Moura Andrade, além de outras autoridades,  que vieram prestigiar a “1ª Exposição Agrícola, Comercial e Industrial” realizada no período de 15 a 30 de setembro de 1962 e que se instalou no começo da rua Maranhão,  entre a então indústria Matarazzo(atual) COCAM e o rio “São Domingos”. O mesmo rio “São Domingos”,  de águas limpas e bastante piscoso(dos peixes piapara, tabarana, lambari e até dourado),  era ladeado por frondosos  flamboiants. O Parque das Américas, fazendo jus ao nome e ocupando ambos os lados da rua Brasil,  era um local público de lazer,  ornado com árvores,  belos e bem cuidado jardins e largos passeios que nunca deveriam ter sido ocupados por prédios. O estádio Silvio Sales, com duas  entradas pela rua Amazonas,  infelizmente ocupado pelo Shopping, era palco de memoráveis contendas onde o Catanduva Esporte Clube, fundado em 23 de abril de 1953,  cujo  time mais lembrado, composto por: Badê, Cancã e Barros;  Wilson, Cativeiro e Luiz Valente; Washington(ou Luizinho Cai-Cai), Paulinho, Dozinho, Gauchinho e Alípio,  com o seu uniforme vermelho e branco e muitas glórias, era praticamente imbatível até ser extinto em 1.963,  deixando a cidade durante sete anos sem futebol profissional até o surgimento do Grêmio Esportivo Catanduvense em 05 de fevereiro de 1970. Não havia FM e a rádio Difusora disputava palmo a palmo a audiência com a Voz de Catanduva, considerada uma das mais modernas em equipamentos do interior,  idealizada pelo então empresário João Alberto Caparroz. O jornal “A Cidade”, do legendário Nair de Freitas,  era leitura obrigatória, assim como o era a trimestral “Revista Feiticeira” do abnegado Augusto Gimenes.   O serviço de auto falantes irradiava, a partir de uma pequena sala na rua Alagoas, próxima ao cine Bandeirantes, música e anúncios(Casa Facci, A Elegante, Casa Progresso, Diacal),  para a Praça 9 de Julho, Praça da República e Parque das Américas. A música “Summer Place”,  tema do filme “Amores Clandestinos”, que ficou conhecida como hino das virgens, era o prefixo de abertura às 19 horas e encerramento da transmissão às 22 horas.   A jovem guarda bombava nos rádios e “Os Incríveis” era o conjunto de maior sucesso, cuja música “Milionários”(lindo solo de guitarra) era a mais tocada no país e foi uma das primeiras melodias executadas  pelo conjunto catanduvense “The Sorcerer´s”,  que iniciava sua carreira se apresentando na quermesse que funcionava na Rua Santa Catarina, entre as ruas Mato Grosso e Goiás,  em prol das obras do Santuário Nossa Senhora Aparecida. Nas escolas as crianças eram alfabetizadas com a cartilha “Caminho Suave”  e depois “Cartilha Sodré” e, pasmem, diferente de hoje,  ninguém concluía o primário( primeira à quarta série), sem estar totalmente alfabetizado.  Era o tempo do frisson e da rua Brasil praticamente tomada pelos jovens, geração Coca-Cola,  em frente a lanchonete “Bem Bom”,  que pertencia à família Soubhia. Os casais preferiam o requinte do restaurante “A Paulicéia”, do  Nestor Cione que era referência na Rua Brasil, onde hoje está a agência do Banco HSBC ou os pratos saborosos do restaurante “Flórida”,  que era também panificadora,  dos irmãos Stuchi que  funcionou também rua Brasil abaixo da rua Bahia. Aqueles que preferiam churrascaria se deleitavam com o delicioso e incomparável lombo no espeto, acompanhado de salada(tomate, palmito, cebola e ervilha), arroz  e farofa, tal como é servido ainda hoje, do restaurante “A Cabana”,  do emblemático Jorge Biazoli.   Nessa lista não poderia deixar de figurar a pizzaria  “Tchau Belo” do Geraldo Martani que funcionava na Rua 15 de Novembro, logo após o córrego Fundo e,  principalmente, mais acima na mesma rua,  a Pizzaria dos irmãos Mazinini(Artur e Anésio), a pioneira da cidade. Vaca preta(sorvete com coca-cola) e principalmente “bauru” eram especialidades do “Bar do Viaduto”, dos irmãos Oliani e, que até hoje funciona no mesmo local, na Rua São Paulo esquina com Rio Grande do Sul.  Em frente, ficava  a farmácia do Pedrão Pivato que, por muitos anos atendeu o bairro do Higienópolis e que concorria com a Farmácia Vaz do José João Zambeli, um palmeirense fanático que só usava caneta com escrita verde e até mandou desenhar, em mosaico português,  o símbolo do seu time na calçada em frente ao seu estabelecimento na rua Brasil,  esquina com Pernambuco,  onde hoje acha-se instalada a moderna Drogasil. Nas madrugadas o pessoal que trabalhava na noite e os boêmios da cidade baixavam no Bar do Lavínio para esquentar a goela e saborear o que era considerado por muitos, o  melhor “bauru” da cidade. Nesse bar as portas emperradas pelo tempo eram mera decoração, pois era o único da cidade que funcionava 24 horas e nunca fechava.  Naquele primeiro quarteirão da rua Brasil, além do “Bar do Lavínio” e da “Cabana”,  funcionava também a Boate 65,  vizinha do Hotel Líder,  onde uma menina de pouco mais de 10 anos chamada Eliana Pittman se apresentou,  acompanhada do seu padrasto, o saxofonista norte-americano Booker Pittman, quando em temporada na cidade. O melhor caldo de cana e a melhor vitamina eram servidos pelo Dante e pelo Costela da Garaparia do Orestes que, por décadas funcionou na Praça da República ao lado do prédio do Bradesco, lembrando que a rua Alagoas não era interrompida pelo calçadão, tal como é hoje. Praticamente ao lado, onde hoje é a Rubol Lotérica,  por anos existiu a Sorveteria Sônia, sucesso dos freqüentadores,  principalmente do footing da Praça da República e que concorria com a tradicional sorveteria Cedal que, ainda hoje existe no mesmo prédio(rua Maranhão esquina com Pernambuco)  e que pertencia ao simpático e atencioso casal Carlos Francisco e Dona Emília. Era o tempo em que…  (continua numa das próximas edições)  

                                                                  advogado tributário

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