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DO LIVRO “ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES”


  23 de julho de 2013

DO LIVRO  “ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES”

                                                                           José Carlos Buch

Recentemente  saiu publicada a biografia do empresário Antônio Ermírio de Moraes(“Memórias de um diário confidencial”), escrita pelo amigo de mais trinta e cinco anos do biografado, José Pastore, Editora Planeta. O prefácio escrito por Fernando Henrique Cardoso já revela uma mostra da grandiosidade e importância da obra. São 350 páginas de puro deleite para quem aprecia uma boa leitura, onde, a cada página se descobre  exemplos de cidadania, espírito empreendedor e  altruísta, difícil de se saber qual o que mais se destaca. Desses livros que o leitor não quer que termina. Das três centenas e meia de páginas, algumas frases e ensinamentos merecem ser destacados para uma reflexão,  pela importância e relevância. Fernando Henrique Cardoso,  no prefácio mencionou: Pg. 13: “… dar o exemplo, e pedir que os outros façam o que ele também fazia bem.”  E acrescentou, na mesma página: “É que retidão, austeridade, compostura não são excludentes de solidariedade, emoção, ternura. O Difícil muitas vezes, é expressa-las, temendo o ridículo.”  O autor José Pastore, citando o biografado: Pg. 24:  “ – Governar não é dar ordens, e sim fiscalizar, cobrar, acompanhar e fazer acontecer.” Pg. 44: “ – Não crio meus filhos com ar-condicionado no verão e calefação no inverno para que não se acostumem ao luxo fácil e à vida mansa. O melhor que posso deixar para eles é educação e apego ao trabalho. Ganhar sem trabalhar pode ser bom para o bolso. Mas é péssimo para o caráter.” “A Arrogância é a pior herança para se deixar a um filho. Depois da arrogância, as piores doenças são a indolência e a preguiça.” Pg. 46: “ – Nos negócios, os desentendimentos em família destroem mais do que a concorrência. Esta, a gente vence pela competência. Aqueles, só evitando. Para tanto, é preciso cultivar a tolerância.” Pg. 60: “A linha da humildade tem de ser maior do que a linha do sucesso.” Pg. 79: “Mas, creia, considero felizes os homens que choram sozinhos, por que suas lágrimas são sinceras.” Pg. 103: “ – Ninguém pode se contentar com o que sabe. Você tem de ser um escravo dos melhores conhecimentos.” Pg. 115: “Sabem de uma coisa? Não foi nem burrice nem esperteza. Foi confusão. Vejam bem, nos últimos 60 anos, o Brasil teve oito padrões monetários, quando as moedas foram perdendo zeros e mais zeros ao longo do caminho. Antes de 1942, falava-se em contos de réis; naquele ano, entrou o cruzeiro, com sete cédulas diferentes; em 1967, apareceu o cruzeiro novo, também com sete notas; em 1970, voltou o cruzeiro, com 14 cédulas; em 1986, nasceu o cruzado, com sete notas; em 1989, surgiu o cruzado novo, com sete cédulas; em 1990, voltou o cruzeiro, com 11 notas; em 1993, nasceu o cruzeiro real, com seis cédulas; em 1994, apareceu o real, com sete notas e mais tarde, com oito, graças à estreia da simpática cédula de 2 reais. Ora, em um país que usa 74 cédulas em 60 anos, por que condenar um pobre coitado que, desavisado e precipitado, resolveu partir logo para a nota de 3 reais?” Pg. 139: “ – A empresa privada precisa do lucro e, se não for bem, quebra. A administração pública vive de recursos assegurados por decisões políticas. Nunca quebra.” Pg. 143: “ – Resistam às multinacionais. Quando estas procurarem é por que suas empresas estão bem lançadas. Se é pra termos empresas estrangeiras no Brasil, que comecem desde o primeiro tijolo e sofram conosco os percalços das firmas nacionais.” “ – Os banqueiros são uma classe sem riscos. O setor financeiro é o setor menos capitalista da economia.” “ – Os banqueiros são agiotas que emprestam a juros altos, exigem garantias sólidas e nada criam.” Pg. 168: “(…) Aprendi com ele(seu pai) que liberdade sem ordem é anarquia e que ordem sem liberdade é ditadura.” Pg. 192: “ – Estou sentindo uma enorme diferença entre meu mundo e o da política. Na empresa, trabalha-se 90% do tempo e conversa-se 10%. Na política é o inverso.” Pg. 286: “ – O que é a vida? Apenas uma grande lição de humildade, pois que o orgulho e a vaidade desunem os homens, enquanto a humildade e a seriedade os unem. Crescemos horizontalmente, ganhamos a fama e o poder, teremos nossa presença física reverenciada na terra, mas, se não trouxermos conosco a luz reta da consciência a nos banhar a alma, aí sim  estaremos ombreando com os infelizes na marcha imprevidente para as ruínas do desencanto. Assim foram todos aqueles que nunca sacrificaram um pouco de seus prazeres para com os deveres da humanidade.” Pg. 291: “ – Existem vários exemplos de países que, sem recursos naturais, mas com educação, superam as dificuldades e tornam-se prósperos. Mas não existe um só exemplo de país que conseguiu progredir com educação de má qualidade.” Pg. 309: “Não adianta querer descobrir os planos de Deus. Melhor fazem os que procuram aprender com eles.” Esta, seguramente é a obra que merece o título de “Livro do Ano”. Vale a pena conferir! Pena que o biografado, por conta de doença degenerativa que o acomete há mais de sete anos e que o  prende ao leito exigindo cuidados especiais por 24 horas, não possa mais cuidar dos seus negócios; deixe de se preocupar com o Brasil e colaborar com o seu país; fique longe da orquestra sinfônica de Heliópolis que fundou e ainda patrocina e que conta atualmente com 86 músicos, todos meninos pobres da favela do mesmo nome e, por fim,   impedido de administrar o Hospital da Beneficência Portuguesa, ao qual se dedicou voluntariamente por mais de 35 anos, diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados, sobretudo, para manter 70% do atendimento aos pobres através do SUS. A vida tem seus caprichos, suas crueldades  e  dessas coisas!

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