EU TÔ AQUI PRA ME ARRANJAR!!!
EU TÔ AQUI PRA ME ARRANJAR!!!
José Carlos Buch
Se você ainda tem saco e paciência para assistir na TV e ouvir no rádio as mensagens dos candidatos, principalmente a deputados, terá observado que o discurso manjado e surrado é praticamente o mesmo — “vou lutar por melhoria na saúde, educação e segurança” —. Entra ano e sai ano, o discurso não muda, certamente porque os nossos governantes pouco ou nada fizeram ou fazem para reverter o quadro da caótica situação dos serviços básicos de responsabilidade do estado. Pode-se afirmar com convicção que a única máquina que realmente funciona no Brasil é o da arrecadação que, diga-se, é de fazer inveja a muitos países desenvolvidos por conta da agilidade em cobrar e morosidade e paquidermismo em devolver, a começar pela restituição do IR que é outro absurdo, pois cobra-se a mais para depois devolver. É a política do “venha a nós, ao vosso reino nada”. Apesar do país possuir, em relação ao PIB, uma das mais altas cargas tributárias do mundo, o serviço continua sendo de péssima qualidade. A cada dia, pessoas continuam morrendo nas filas dos hospitais; ainda temos 15% de analfabetos e igual número de analfabetos funcionais e, na questão da segurança, a situação não é muito diferente onde o crime campea à solta e a impunidade se mostra cada dia mais abissal. Nessa seara, nenhum candidato tem a coragem de dizer exatamente o que pretende fazer com o cargo, se eleito, a exceção fica por conta do palhaço “Tiririca” que sabiamente escolheu como slogan “Vote Tiririca, pior que tá, não fica”. A quase totalidade prefere repetir o velho e manjado chavão de que irá lutar por isso e aquilo, quando na verdade deveria ter a coragem de dizer que busca as benesses e a mamata da vida de parlamentar. Melhor também seria dizer a verdade ao povo, como fazia “Justo Veríssimo”, o imortal e celebre personagem do político picareta, símbolo da corrupção, arrogância, descaso pela população, além de outros atributos, criado e notabilizado por Chico Anísio que se apresentava com um bigodão tipo “escovão”, semblante de fuinha pra conclamar sempre de boca cheia —“eu to aqui pra me arranjar e quero que o povo se exploda!!!” —. Se preferissem, o arautos da esperança de dias melhore$, deveriam fazer como o “João Plenário”, outro personagem admirável que é o retrato da corrupção brasileira, inspirada nos políticos do país, impecavelmente interpretado pelo humorista mineiro Saulo Laranjeira, no programa “A Praça é Nossa”. “João Plenário” usa linguagem corriqueira e um arrojado “politiquês”. Seu patrimônio faz inveja a qualquer anão do orçamento, pois, além de fazendas, aviões, prédios de apartamentos em Miami, centenas de contas pelo mundo afora, ele sustenta um caso com a Branca de Neve. Mulherengo, vive de olhos e mãos em suas secretárias, presenteando-as prodigamente. Quando acuado, enrola, enrola e enrola, mas nunca conclui seu discurso. Sabe dizer exatamente o que o povo deve ouvir! No fundo, no fundo todos sabemos que a maioria dos candidatos não passa de “Justo Veríssimo” ou “João Plenário” da vida, mesmo assim, como vivemos num estado democrático de direito, somos obrigados a votar. Melhor seria assistir os dois personagens no horário obrigatório, ao menos são autenticos e dizem o que os politicos sempre escondem. Pobre Brasil!!!
advogado tributário
www.buchadvocacia.com.br
buch@buchadvocacia.com.br