INFLAÇÃO – SINAL DE ALERTA
INFLAÇÃO – SINAL DE ALERTA
José Carlos Buch
“Quando você tem que comprar, use seus olhos, não seus ouvidos.”
Provérbio Checo
Desde julho de 1994, portanto há quatorze anos, que desaprendemos de conviver com inflação. Quem conviveu com índices que chegavam a 50% ao mês bem sabe o quão nefasto e difícil era administrar os míseros recursos que se constituíam o salário. Para se ter uma idéia a inflação em um ano, de março de 1989 a março de 1990, chegou ao absurdo e estratosférico patamar de 4.853%, ou o equivalente à média mensal de 38,43%. A propósito a novela “Pantanal” que está sendo reprisada pelo “SBT” diariamente às 22:00 horas, mostrou nessa semana a confusão gerada pelo fatídico “Plano Collor” que em 15 de março de 1.990, com o propósito de mudar o país, alterou a moeda de “Cruzado Novo” para “Cruzeiro”, congelou todos os depósitos e aplicações financeiras superiores a NCZ$50 mil, liberando apenas Cr$50,00(aproximadamente R$200,00, em dinheiro de hoje) para cada titular. Assim, o que parecia ser coisa do passado e página virada em nossa história começa a dar sinais de ressurgimento o que não deixa de ser preocupante. Conquanto, é pouco provável que a inflação sequer passe de um dígito, até porque os tempos são outros e, no mundo do século 21, não há mais espaço para esse descalabro. Contudo, usando da experiência observada na época de inflação galopante, é possível elencar a ordem cronológica dos segmentos que são mais suscetíveis aos efeitos da inflação. Liderando a lista aparecem os investimentos em Bolsas e as transações de bens imóveis, sobretudo, os de valores mais elevados. Com isso, as empresas adiam investimentos e programas de expansão e a indústria da construção civil tende a sofrer refreamento. Depois, o grupo dos bens duráveis tendo à frente as vendas de veículos novos que tendem a despencar levando as montadoras a reprogramar lançamentos e reduzir a produção. Isso tem implicações diretas com toda a cadeia de fornecimento e prestação de serviços relacionada com o pós vendas. Nessa ordem, o próximo segmento a sentir os efeitos da inflação é o de eletrodomésticos, também conhecido como “linha branca”. O consumidor deixa de comprar em face elevação das prestações por conta do aumento natural dos juros. Antes dos efeitos atingirem o segmento de bens de consumo, compreendendo vestuário e alimentação, sempre os últimos a registrarem quedas, vem o segmento de supérfluos, notadamente os produtos de beleza e higiene pessoal. Por ora, somente as bolsas dão sinais de instabilidade, muito mais pela turbulência da crise imobiliária nos EUA e ações da Policia Federal em empresas suspeitas dos megas empresários Daniel Dantas e Eike Batista e, oxalá pare por aí. Se a ameaça não passar disso os assalariados, a classe média e o povo em geral agradecem. De todo o modo é sempre recomendável ficar atento, lembrando o adágio popular de que “o seguro morreu de velho”.
advogado tributário
www.buchadvocacia.com.br colaborador do Notícia da Manhã