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PROFISSÕES EM QUASE EXTINÇÃO – PARTE I


  9 de maio de 2017

PROFISSÕES EM QUASE EXTINÇÃO – PARTE I  

                                                                 José Carlos Buch

Em idos passados, muitas senhoras,  além de cuidar dos filhos e dos afazeres da casa, ainda arrumavam tempo para lavar roupa pra fora como costumava-se dizer à época. Na verdade,  elas recolhiam roupas em uma ou mais casas para lavar em casa,  devolvendo-as lavadas e passadas dois ou três dias depois. Com isso, além das obrigações de dona de casa, conseguiam um bom reforço para o orçamento doméstico. Eram muitas na cidade e conhecidas como “lavadeiras”.  Seu Chiquinho tinha uma lavanderia e tinturaria no bairro do São Francisco, salvo engano, no início da Rua do Seminário. Com ele, além da esposa e a filha, mais dois funcionários, um só fazendo coleta e entrega,  o auxiliavam na arte de lavar,  passar e até mesmo tingir e  engomar roupas. Tanto nas residências como nas lavanderias, as roupas eram lavadas no tanque e secavam em  varais ao soprar do vento e à  luz do sol.   Não existiam máquinas de lavar roupas e inúmeras eram as lavanderias e  tinturarias na cidade –  no mínimo uma em cada bairro. Hoje não se ouve mais falar das lavadeiras e,  as  poucas lavanderias existentes,  equipadas com sofisticadas máquinas de lavar e secar,  decretaram o fim dos tintureiros.    Na Galeria de Franchi, bem no centro da cidade,  a alfaitaria “Para Todos” do Luiz Baldo, Aleixo Bachi e Oloris Bergamasco,  era a maior e uma das mais  conceituadas da cidade. Além dos três sócios, mais quatro outros profissionais entre oficiais e aprendizes dedicavam-se à arte de confeccionar calças, blazers e ternos para atender uma vasta e exigente clientela. Os tecidos, todos importados,  poderiam ser escolhidos e adquiridos na própria alfaiataria. Só no centro existiam outras três ou quatro, além de tantas outras em  bairros, muitas delas funcionando nas  próprias residências dos alfaiates. Vestir linho 120 e tropical Inglês era estar na última moda. Hoje, os poucos alfaiates que restaram sobrevivem fazendo pequenos consertos. Costureiras, verdadeiras artesãs de lindos e criativos feitios, inclusive vestidos de noivas, faziam de suas casas verdadeiros ateliês. A procura e as encomendas eram tantas que,  atrasos na entrega eram normais,  para descontentamento e resignação  das clientes que ansiavam em ter um vestido novo para uma festa ou evento qualquer. Hoje são raras e as poucas que ainda existem no ofício atendem o que remanesceu das clientes tradicionais, e a tendência é desparecer a profissão.  Os sapatos,  após muito tempo de uso,  tinham uma sobrevida com a colocação de meia sola, trabalho que era confiado à habilidade dos sapateiros, que também produziam, sob medida,  sapatos e botinas reforçadas para o trabalho pesado, também conhecidas como sapatões. Uma ou outra sapataria ia além de consertar sapatos, pois confeccionavam cintos e até mesmo bolsas de couro.  Eram muitas as sapatarias na cidade, mais de duas dezenas; hoje cabem nos dedos de uma mão, se muito,  as que remanesceram.  Praça da República, Ponto de taxi na esquina da Rua Rio de Janeiro com a Rua Brasil(em frente a estação da EFA), Parque das Américas(onde hoje está Paço Municipal) e  Rua XV de Novembro esquina com Rua Paraná, eram os pontos principais dos engraxates da cidade. Muitos meninos da época, hoje profissionais bem sucedidos, ajudavam o orçamento doméstico com as férias obtidas engraxando sapatos na rua. O professor e excepcional músico Maghetas e este próprio colunista exerceram com muita dignidade este ofício. Carroças garantiam a entrega, deixando na soleira da porta o pão fresco e a pequena garrafa bojuda com tampa de  rosca,  com  um litro de leite in natura(às vezes batizado com água). Eram os padeiros de rua e os tradicionais leiteiros que chegavam antes do nascer do sol. Pouco mais tarde, os verdureiros passavam na rua conduzindo seus carrinhos de mão ou carroças oferecendo verduras, legumes e hortaliças recém colhidas em grandes hortas existentes na periferia ou nos arredores da cidade,   sem o uso de qualquer agrotóxico – era água de mina e esterco de equinos. Uma das maiores ficava na Rua São Paulo, abaixo da linha do trem(em frente os armazéns). (continua na edição do próximo domingo)

                                                        advogado tributário

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