ROTARY – UM SÉCULO DE SERVIÇOS, NOVO SÉCULO DE SUCESSO.
José Carlos Buch

Mergulhando no tempo  me vi na nostálgica, fria e cinzenta Chicago no mês de fevereiro de 1905. Com suas largas ruas já antevendo o futuro que a transformaria na grande metrópole, porém encobertas de neve que no verão cederia lugar à poeira provocada pelo tráfego intenso de carruagens, diligências e dos poucos Fords bigodes que começam a ser produzidos naquele ano. As casas não dispunham de rádio ou qualquer outro meio de comunicação e o telefone que havia sido descoberto há 65 anos ainda era ainda privilégio de poucos. Cinco anos depois, em 1910, chegava a maravilha do rádio e somente em 1930 os sinais da primeira TV inauguravam a era da comunicação áudio/imagem. Chicago contava com pouco mais de um milhão habitantes e já apresentava os problemas próprios de uma cidade grande. Hoje, Chicago é a terceira maior cidade americana e conta com dois milhões e oitocentos mil habitantes, lembrando que o seu lento crescimento nesse século deveu-se às gangs, notabilizadas por Al Capone  e, por conta disso,  ao grande número de homicídios que era a marca registrada da cidade.   

Nesse cenário de inverno rigoroso e noites curtas, na noite do dia 05 de fevereiro, uma quinta feira,  o advogado Paul Harris convocou o negociante de carvão Silvester Shiele, o alfaiate Hiram Shorey e o engenheiro de minas Gustavus Loehr. Reunidos no escritório de Loehr, então sala 711 do Edifício Unity, Paul propôs a seus amigos um plano muito simples de cooperação mútua e amizade informal como todos nós já conhecemos um dia em nossa cidade natal.  

A sala 711 não existe mais já que o edifício Unity foi demolido em 1989, contudo, a magia da  amizade e do companheirismo surgidos na fria quinta feira de 23 de fevereiro de 2005, alçou vôo e ganhou o mundo e hoje contagia mais de 1.200.000  pessoas, em mais de 32.000 clubs espalhados  em 166 países. Se somarmos os rotaractianos e interactianos somos uma família constituída de mais de 1.600.000 pessoas.    

Nessa mesma época Vila Adolfo ganhava contornos de um pequeno povoado que então se chamava Cerradinho. Um núcleo de modestas casas no bairro do São Francisco, na Rua XV de Novembro, outro pequeno aglomerado de casas nos altos da Vila Motta  e, do lado oposto do ribeirão São Domingos na direção da rua Brasil, começava a delinear-se a área comercial da vila. Ao todo era pouco mais de três ou quatro centenas de  habitantes que só viriam a conhecer o município no dia 14 de abril de 1.918, ou seja, treze anos após Paul Harris ter realizado a primeira reunião do Rotary em Chicago.   Onde hoje é farmácia coração de Jesus  um pequeno bar notabilizava-se pelo fato de ser o único a vender cerveja fresca. Sim, cerveja fresca porque  retirada das águas cristalinas do rio onde horas antes fora içada por um barbante preso a um galho de árvore.

Catanduva foi deixando para traz a imagem de pequeno vilarejo para conquistar seu espaço no cenário do estado tendo o privilégio de ver nascer o primeiro Rotary em 02 de maio de 1936.

O  Rotary International foi mais além e, a cada ano o ideal de Paul Harris ganhava cidades, paises chegando aos mais longínquos recônditos do mundo. Inerente  ao seu crescimento ganhava importância como organização de ajuda humanitária. E

m 1945, 49 rotarianos eram integrantes de 29 delegações internacionais que criaram a ONU. O Rotary International tem parceria com a OMS e com o UNICEF.

 O Rotary International distribuiu US$ 1,8 milhão de suprimentos a refugiados afegãos.

 O Rotary detém o mais alto status consultivo na ONU oferecido a ONGs. O Rotary

tem representação  na ONU em Nova York, Genebra e Viena.

 O Rotary participa da Unesco em Paris e

 está representado no Conselho Europeu na França e no Banco Mundial nos USA.

Em 1985, o Rotary instituiu o programa Pólio Plus – com o objetivo de imunizar todas as crianças do mundo até 2005 – ano de centenário do Rotary. Esta iniciativa é compartilhada pelos parceiros: Organização Mundial da Saúde, Unicef, Centro Norte-Americano para Controle e Prevenção de Doenças e governos nacionais. De 1985 até 1º de janeiro de 2002, o Rotary havia destinado mais de US$ 460 milhões aos esforços de erradicação, sendo que o total até 2005 deverá ultrapassar a casa dos US$ 500 milhões. Os casos de pólio caíram mais de 99%: de 350.000 em 1985 para somente 600 em 2001. As Américas se livraram da pólio em 1994, o Pacífico Ocidental em 2000 e a Europa em 2002. Desde 1985, mais de dois bilhões de crianças foram imunizadas contra a poliomielite. Como seria o mundo hoje sem esta iniciativa do Rotary? Como seriam seus filhos? Como seriam seus netos?

Em Catanduva o Rotary tem uma folha de serviços prestados à comunidade invejável. Certamente todas as entidades da cidade, sem exceção, um dia, foram contempladas com algum incentivo ou apoio do Rotary, além de centenas de campanhas voltadas à comunidade.  Destaca-se ainda que os três Rotarys de Catanduva, através de uma equipe de coordenação constituída de esposas de rotarianos,  administram e coordenam o projeto “Dr. Sara & Cura” constituído há sete anos com o propósito de levar alegria e atividades lúdicas às crianças internadas na pediatria do Hospital Padre Albino.

Parabéns Rotary pelo seu centenário, na certeza de que o mundo seria menos melhor não existisse essa organização. Para finalizar, se pudéssemos definir ROTARY diríamos: UMA PALAVRA CUJA TRADUÇÃO ENCERRA SIGNIFICADOS TÃO NUMEROSOS QUANTOS BELOS.        

                                     * advogado tributário, membro da  Acade-                                                    mia Brasileira de Direito Tributário,  di-

                                                   retor jurídico da ACE, colaborador  do

                                                           Notícia da Manhã, rotariano, sócio

                                                                           Fundador do Rotary Club de Catanduva

                                                                           Norte – mail: buch@zup.com.br