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10 ANOS DE AUSÊNCIA DO MESTRE TÚLLIO TRICCA


  31 de dezembro de 1969

No próximo mês de julho, no dia 28 contabiliza-se 10 anos do desaparecimento do contador, diretor da ACIC, operário do direito empresarial, corretor de seguros e sobretudo exemplo de cidadania, Túllio Tricca.Acredito que a quase maioria dos profissionais que atuam no segmento securitário e de contabilidade e mesmo os  empresários sócios ou não da ACIC,  teve a felicidade de conviver com o extraordinário Túllio Tricca. Aqueles que não tiveram esse privilégio, certamente não podem aquilatar o quanto perderam em não desfrutar dos seus ensinamentos e, quão  sábio e generoso era ele.Palmeirense, sem contudo ser fanático(ninguém é perfeito),  Túllio nasceu no dia 14 de outubro de 1.908, em Rincão, terra do Ministro Sidney Sanches, do STF.   No início de 1.918, com apenas 10 anos de idade e, quando a nossa  cidade ainda se chamava Vila Adolfo, portanto, poucos meses antes da sua  emancipação política que se deu em 14 de abril de 1918, aqui aportou para nunca mais sair. Rinconense de nascimento e catanduvense por opção como gostava de ressaltar com orgulho. Casou-se com D. Helena em 08 de dezembro de 1932 e, juntos tiveram oito filhos. Viveram apaixonadamente por longos 60 anos até que a providência divina os separou.Acredito que além da Dona Helena e das suas irmãs Mariquinha e Clotilde, a Nair Spina, que reconhecidamente sempre foi uma fiel escudeira por duas décadas, é  a pessoa que mais de perto conviveu com o Túllio. Tanto é fato que para ele a Nair além de secretária e amiga, era como uma filha. Registre-se que em todo final de ano ela era contemplada com a mesma bonificação que ele conferia aos filhos, por considerá-la membro de sua família. Dona Helena viveu 81 anos, deixando-nos em 15 de junho de 1992. Acredito que estava faltando uma orquidófola para cuidar dos jardins e dos campos do Senhor.  Refém da ausência da eterna companheira e namorada, o amigo Túllio um ano depois tomou o mesmo destino dela, partindo para vida eterna em 28 de julho de 1993, quando estava preste a completar 85 anos de vida. Penso que o céu estava necessitando de um excepcional corretor de seguros e que reunia também dotes e conhecimentos incomparáveis de contador e advogado especializado em direito comercial e tributário.  Lembro-me que nos dias em que antecedia o Natal, sua alegria maior era levar os netos ao supermercado para que, livremente lotassem o carrinho com chocolates e guloseimas. Era de se notar o seu rosto irradiante com a algazarra dos então garotos e adolescentes, disputando o melhor chocolate e a goma mais colorida.  De hábitos simples, tinha na leitura a sua melhor fonte de informação. Jornais, não menos que quatro diariamente e livros dos mais renomados jurisconsultos brasileiros o fizeram um dos profissionais mais conceituados e respeitados do estado. Dotado de um poder de redação singular, dominava o nosso vernáculo como poucos a ponto de revelar-se um revisor de texto implacável, pois sempre encontrava a ausência de um acento ou de uma virgula, nas atas, contratos e petições submetidos à sua apreciação.  Como profissional securitário, possuía uma carteira seletiva de clientes assediada por inúmeras companhias, em função da alta produção, baixo risco e notável liquidez. Na sua trajetória conseguiu granjear o respeito e admiração, não só de colegas mas, sobretudo, das companhias para quais destinava a quase totalidade de sua carteira de clientes, cada uma a seu tempo, iniciando-se pela Sul América, passando pela São Paulo, depois Bandeirantes e, finalmente, Paulista, que foi a última companhia da qual ele era praticamente exclusivo.  Se a sua carteira de clientes era invejável a sua carteira de virtudes era excepcional. Por vários anos consecutivos destacou-se como o escritório de melhor performance que é resultado da conjução – boa produção/baixo sinistro. Três características bem marcavam a sua personalidade: A invejável calma e tranqüilidade, mesmo diante de situações difíceis e problemas muitas vezes insolúveis; a indispensável soneca todo o dia após o almoço, não importando onde estivesse e, por último,  a mesa de trabalho desarrumada e cheia de papéis, jornais e livros e ai de quem se aventurasse organizá-la sem sua autorização. Esse fato levou a Nair a presenteá-lo com uma sugestiva placa e que ele fazia questão de deixá-la bem à vista sobre a mesa abarrotada de papéis com os seguintes dizeres: “DEUS ABENÇOE ESTA BAGUNÇA”.  Não chegou a pertencer a qualquer Academia de Letras, embora mérito e credenciais não lhe faltassem. Mesmo assim, a exemplo dos imortais, fazia questão de reunir-se com os funcionários diariamente para o tradicional chá da tarde, onde não podiam faltar pastéis, queijo, café e outros quitutes. Não sei ao certo se por omissão, descaso ou esquecimento de nossas autoridades, a verdade é que ele nunca foi lembrado para nome de rua, praça ou qualquer logradouro público. Outros homens menos importantes e até mesmo inexpressivos emprestam  nome a importantes avenidas, viadutos e prédios públicos de nossa cidade. Provavelmente porque eram ou foram amigos do rei. Coisas que só a política explica.    O importante é que em vida nunca lhe faltaram  homenagens. Acredito que ele teve tudo o que dinheiro pode comprar e o mais importante, teve também tudo o que dinheiro não compra: o respeito, a amizade, o carinho da família e dos amigos que eram muitos, o reconhecimento público como profissional ímpar e singular que conseguiu ser um verdadeiro ícone no segmento securitário e do direito empresarial.   Eu que tive a alegria de conviver com o mestre Túllio durante mais de 30 anos, desde quando iniciei minha vida profissional como office boy em seu escritório de contabilidade nos idos de 1964 e, com quem aprendi a importância do seguro e os segredos da contabilidade, posso dizer que além da imorredoura saudade, até hoje me deparo com situações em que a presença dele se faz insubstituível e indispensável. Acredito que muitos ressentem da mesma ausência. Sua memória foi lembrada no último 08 de maio no jantar realizado no Clube de Tênis de Catanduva quando da posse da nova diretoria da CORRERP-Clube dos Corretores de Seguro da Regão de São José do Rio Preto que instituiu, inclusive, um troféu com o nome Túllio Tricca. A CORRERP fez o que os  poderes constituídos de nossa cidade deveriam, por obrigação e reconhecimento, fazer e até hoje não fizeram – HOMENAGEAR ESTE GRANDE BRASILEIRO E CATANDUVENSE POR OPÇÃO,   TÚLLIO TRICCA. Túllio Tricca,  melhor do que ninguém merece ser lembrado com o pensamento do grande pensador, escritor, poeta,  roteirista e dramaturgo  alemão Bertolt Brecht(1898 – 1956) e que escolhi para encerrar  estas linhas:“Há homens que lutam um dia, e são bons.Há outros que lutam muitos dias, e são melhores.

Mas há os que lutam toda a vida, e estes são imprescindíveis.”

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