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Á ÁGUA E O LEITE


  27 de março de 2014

Á ÁGUA E O LEITE

                                                        José Carlos Buch

Amanhece numa pequena propriedade rural em Iturama, Minas Gerais. O produtor que é também retireiro acordou antes das cinco horas, fez toda a assepsia dos animais e conseguiu pouco mais de 50 litros de leite produzidos por 8 vacas da raça Jersey, em lactação. Esse leite é resfriado e acondicionado em tanque de resfriamento próprio fornecido pelo Laticínio que, mantém o produto numa temperatura de até quatro graus. Em no máximo quarenta e oito horas o leite será coletado por um caminhão próprio, também refrigerado, que levará o produto para ser armazenado em tanques maiores no entreposto que fica na cidade, mantendo-se a temperatura limite nos mesmos quatro graus. Alcançado um volume significativo, o leite é transportado em caminhões maiores para a indústria, num percurso nunca inferior a 200 kms. Isso ocorre em centenas e centenas de propriedades rurais encravadas em  dezenas de cidades de Minas Gerais, Goiás e algumas poucas no estado de São Paulo,  que abastecem os laticínios, principalmente do nosso estado. Outrora,  a região de Lins se constituía numa das principais bacias leiteiras e  desempenhava esse importante papel, contudo, as usinas de açúcar e álcool instaladas,  a maioria atualmente em dificuldades, expulsaram  as vacas leiteiras dizimando os  pastos que foram transformados em imensos e verdejantes canaviais. O leite para chegar ao laticínio onde será processado, pasteurizado e envazado, percorre um longo caminho e agrega custos  desde o insumo necessário para alimentar e tratar a vaca, ordenha, resfriamento, coleta pelo entreposto, transporte para a indústria, etc. Na prateleira do supermercado,  uma unidade do tipo longa vida (UHT), custa R$2,30, mas há outros mais baratos, desde que o consumidor não se importe em levar para casa um pouco de formol e outros aditivos adicionados que batizam o produto. Há menos de dez quilômetros da cidade, um poço de grande vazão jorra água classificada como mineral na qual é adicionada sódio e outros componentes antes de ser envazada em embalagem plástica de 350 ml. O processo é relativamente simples,  não requer maior sofisticação e a matéria prima existe em abundância na natureza, ou melhor no subsolo. Preço dessa garrafinha de água no balcão do bar R$1,50 — nos hotéis o preço  nunca é inferior a R$5,00. Para se chegar a um litro, são necessárias três garrafinhas ao preço global de R$4,50 no bar ou R$15,00 no hotel. Comparativamente, no bar um litro de água custa o dobro do litro de leite. O leite é essencial para a vida das pessoas e principalmente para as crianças, além de indispensável na cozinha de nossas casas e restaurantes.  A água seguramente é mais essencial, mas a mineral pode ser substituída pela água torneral, hoje de excelente qualidade pelo tratamento que recebe.  Se atentarmos para outras centenas de produtos dispostos nas gondolas e prateleiras do supermercado, vamos encontrar outros tantos absurdos, a começar pelo imposto que é cobrado sobre os produtos que compõe a cesta básica. Entra ano e sai ano e a situação permanece igual. Mas uma coisa é certa:  não se pode levar a sério um país onde  um litro de leite custa menos da metade de um litro de água mineral, sem dizer da gasolina que,  no bico da mangueira da bomba,  custa menos do valor que é pago na importação deste produto.  

                                                        advogado tributário

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