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A “COLA”


  16 de janeiro de 2013

A “COLA”   

                                                                 José Carlos Buch

Os educadores gostam de afirmar que a “cola escolar” compromete o futuro de uma nação. A “cola” sempre existiu e existirá e há um vetusto ditado que diz “quem não cola não sai da escola”.  Ela é irmã siamesa da sonegação e parente próxima da corrupção, embora  a “cola” seja de menor potencial ofensivo. Se for “colar” ou sonegar, faça tudo para não ser pego porque se flagrado, aí o bicho pega! Seguramente todos nós tivemos experiência com a “cola” ou convivemos com colegas que eram exímios “coladores”. Lembro de um colega da época de ginásio no Nicola Mastrocola(médico em Itapetininga),  cuja tampa da sua carteira escolar lembrava um painel pichado com uma profusão de anotações à caneta codificadas até nas bordas. Outros usavam a cola sanfoninha, que consistia numa tira estreita de papel com minúsculas anotações e cuidadosamente dobrada em forma de fole. A palma da mão, borracha de apagar,  também serviam para pequenas anotações e,  outros mais ousados,  se arriscavam a simplesmente folhear o caderno,  ante o descuido do professor. Na faculdade,  quando a prova permitia consultas aos códigos secos, i.é, sem comentários, muitos acadêmicos encartavam no meio do código uma folha com a mesma gramatura, diagramação e tipo de letra, contendo informações importantes para subsidiar as respostas exigidas. A “cola” não era privilégio só dos preguiçosos e menos inteligentes e, certamente, se você não foi um “super dotado” daqueles poucos que ainda existem,  ou um “Caxias” na escola, que sempre existirão,  seguramente,  um dia fez uso dela e, nem por isso deixou de ser um bom e até renomado profissional. Alguém por acaso saberia dizer para o que serviu aquelas fórmulas extensas de matemática que ocupavam metade do quadro negro? Ou que importância teve na vida de um músico, professor de história, advogado ou jornalista, aquelas fórmulas complicadas de química ou física? E mais, qual a importância teve em sua vida o ato de decorar datas históricas se hoje é sabido que a história ensinada estava totalmente divorciada da verdadeira história e dos fatos reais? Certa feita fui surpreendido por uma parlamentar em campanha para reeleição que,  ao ser apresentado a ele, confessou que esticou o olho para a minha prova no concurso público em que ambos fomos aprovados. Ele assumiu o cargo para o qual foi aprovado, integrou-se ao sindicato da categoria e, a partir daí começou a construir a sua brilhante carreira política, ainda hoje atuante. Por certo o destino conspirou a seu favor.  É claro que não se pretende fazer apologia da “cola” e, nem tampouco defender os que dela fizeram ou fazem uso para alcançar os seus objetivos, mas, pior do que a “cola” é a qualidade do ensino em nosso  país, que o faz ser classificado numa posição humilhante,  atrás de muitos países subdesenvolvidos, sem falar que estamos na rabeira da América latina no quesito educação. Muito pior ainda é a indústria do vestibular que enriquece donos de “cursinhos” e experts em fraude através de  rádio comunicação, não mede conhecimento algum, mas serve para indicar aqueles(de classe média ou rica) que irão usufruir do ensino de qualidade nas universidades públicas, bancadas com o dinheiro do povo. Só para lembrar, se você nunca colou, parabéns, você faz parte de uma minoria que não chega a 40% da população brasileira e nem por isso é mais importante do que aqueles que um dia esticaram o olho para a  prova alheia. O parlamentar que o diga!                          

                                                                 advogado tributário

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