A RECIPROCA NEM SEMPRE É VERDADEIRA
A RECIPROCA NEM SEMPRE É VERDADEIRA
José Carlos Buch
Desde muito cedo aprendemos que a recíproca é sempre verdadeira, mas será mesmo? Também aprendemos, desde as primeiras aulas de aritmética que, a ordem dos fatores não altera o produto e sempre acreditamos nesse axioma. É claro que essas premissas, assim como toda a regra, tem exceção e, portanto, nem sempre são literalmente verdadeiras. Bola na mão não é o mesmo que mão na bola. Perante a regra do futebol, a primeira é ato involuntário, nada a marcar e segue o jogo. Já a segunda, é falta passível de advertência com o cartão amarelo ao atleta infrator e, se for o interior da grande área é pênalti, sem choro nem vela! Se a ordem dos fatores não altera o produto, porque depois do 1 vem sempre o 2? Por esse raciocínio verifica-se que a expressão só é aplicável no caso da multiplicação, não se prestando às demais operações. Ainda do futebolês, “cabeça de bagre”(definição de jogador ruim), não é o mesmo que bagre de cabeça. Outras expressões corriqueiras quando alteradas a ordem perdem o significado: “pão duro”(sujeito sovino) não é o mesmo que duro pão. “Pé rapado”(sujeito pobre) tem conotação diferente de rapado pé. “Batismo de fogo”(expressão bíblica) não tem o mesmo significado que fogo de batismo. Ainda no campo religioso, “Santa Ceia”, imortalizada no quadro de Leonardo da Vinci como “Última Ceia”, não é o mesmo que ceia santa. “Se os últimos serão os primeiros”, invertendo-se o ditado este fica distorcido, posto que o sentido não é o mesmo que “os primeiros serão os últimos”. “É ou não é”? Invertendo a ordem passa a ser “é não ou é”? A diferença é flagrante! A expressão “penso, logo existo”, cunhada pelo filósofo francês René Descartes, em 1637, quando invertida para “existo, logo penso”, perde o seu real sentido. Epa! Real sentido é o mesmo que sentido real? Pode ser que sim e pode ser que não então, melhor parar por aqui com a uma única certeza: – “Quanto mais o homem sabe, mais sabe que menos sabe”(auto desconhecido).
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