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A VISITA DO PRESIDENTE DEPOSTO


  25 de agosto de 2015

 A VISITA DO PRESIDENTE DEPOSTO    

                                                                  José Carlos Buch

Embora sugestivo, o título não tem nenhuma relação com a recente visita  da presidente Dilma em nossa cidade. A última vez que esse  fato histórico aconteceu foi há 53 anos. Em 1962, o então presidente João Goulart,  acompanhado do Governador do Estado Carvalho Pinto  e da deputada federal Ivete Vargas,  visitou Catanduva, sendo que  comitiva foi recepcionada pelo prefeito Antônio Stôcco. Na verdade,  o presidente veio  inaugurar a “1ª Exposição de Catanduva –  Agrícola, Comercial e Industrial”, que se deu no  período de 15 a 30 de setembro daquele ano  e consagrou a cidade como “Capital do milho”. Eu tinha 11 anos e fazia ponto como engraxate no então Parque das Américas, a maior praça que ocupava todo o espaço que ia da Rua Maranhão até a Rua Amazonas, onde os nossos governantes tiveram a insensatez de construir prédios públicos, dentre eles o da prefeitura, do terminal de ônibus e o Fórum,  destruindo, desnaturalizando e descaracterizando irreversivelmente  um dos mais belos cartões postais da cidade. A exposição foi instalada na Rua Maranhão, em frente à Prefeitura onde atualmente é a parte nova da COCAM. Com uma frente ampla de quase 100 metros, o espaço ocupado avançava terreno adentro  até os trilhos da estrada de ferro e,  bem ao fundo foi construída a concha acústica onde havia shows, mediante a cobrança de ingressos,  todas as noites apresentados por Airton Rodrigues, que tinha o programa “Almoço com as Estrelas” na TV Tupi. Uma das cantoras que se apresentou foi Angela Maria, que estava no auge da carreira. A abertura da feira foi marcada por um desfile pela Rua Brasil com a coroação pelo presidente da rainha da festa e das princesas. A exposição assim chamada à época, era na verdade uma feira de demonstração de produtos que nada devia à FECIC nos seus melhores tempos. A fachada da Rua Maranhão onde era a entrada do recinto, foi toda fechada com tapumes de madeira e na parte superior inúmeras bandeirinhas coloridas tremulavam dando um ar festivo ao evento.  Apesar de menino, com menos de 12 anos, lembro-me do trailer do IBC-Instituto Brasileiro do Café que servia gratuitamente em xícaras personalizadas,  um delicioso café que a molecada entrava na fila sucessivas vezes para saboreá-lo. Lembro-me também de um mini Simca Chambord, (carro mais bonito da época, mas ruim de motor, segundo o colecionador Zezé Bueno), construído com todos os detalhes por um mecânico que morava nos altos do São Francisco. Além das agências de automóveis e caminhões expondo seus veículos, muitas empresas demonstravam seus produtos, destacando-se  a de tratores e implementos. A feira foi promovida pela Prefeitura Municipal e ACIC-Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Catanduva, que era presidida à época pelo empresário João Pedro Xavier e que também acumulou a presidência  do evento. Até hoje guardo na memória o aroma delicioso do café servido de graça pelas moças do IBC de quepe na cabeça. Um dia antes da chegada da comitiva presidencial,  a cidade começou a viver um fervo. Inúmeros ônibus de funcionários públicos federais de todos os cantos do país aqui aportaram para reivindicar melhores condições de salários. Se conseguiram ninguém se lembra!  O amplo Parque das Américas concentrava os ônibus dos visitantes e todos os engraxates não precisavam disputar clientes, pois havia muitos para todos.  Muitos desses visitantes traziam suas marmitas e muitos outros lotaram o restaurante “A Cabana”, onde Jorge Biazolli não vencia servir comercial. Curiosamente o momento vivido à época não era muito diferente do atual, com a diferença de que em 1962 a crise era especificamente de ordem política por conta da renúncia do presidente Jânio Quadros, que se dera um ano antes, mais precisamente em 25 de agosto de 1961. Esse episódio triste permitiu fosse   guindado ao poder do seu vice João Goulart “Jango”, que não gozava de  apoio no Congresso e nenhum prestigio junto às forças armadas, tanto é fato que foi deposto em março de 1964, ensejando um episódio mais triste ainda em nossa história. Hoje, a presidente Dilma que há poucos dias aqui esteve fazendo a entrega de 1.237 casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”, vive uma situação delicada por conta da crise política, denúncias de corrupção de toda a ordem envolvendo o PT e PMDB que lhe dão sustentação e, o que é pior, uma crise econômica e de falta de credibilidade sem precedentes,  decorrente, principalmente,  de sua má gestão no primeiro mandato. Se a história vai se repetir, só o futuro dirá.           

                                                                 advogado tributário                                                                                  www.buchadvocacia.com.br                                                                   buch@buchadvocacia.com.br

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