CENAS DE UMA CRECHE
CENAS DE UMA CRECHE
José Carlos Buch
Imagine-se indo visitar uma creche particular onde todas as pessoas são voluntárias na administração e, muitas outras trabalham diretamente com as crianças. E, então você fica sabendo que o poder público municipal oferece as professoras, recreadoras e a merenda. Você é informado também que os demais custos variam de R$8 mil a R$12 mil, por mês(dependendo da creche), e precisam ser conseguidos a qualquer custo, pois, mais de uma centena de crianças precisam ser alimentadas e cuidadas, de segunda às sextas feiras, durante o ano todo, sem praticamente férias. Esse é o lado preocupante que tira o sossego das dirigentes de quase todas as creches da cidade, senão de todas. Assim, não é preciso dizer que as administradoras, muita vezes, entram em pânico diante dos parcos recursos que costumam acabar antes que o mês termine. Mas você foi visitar as crianças e acompanhar a entrega de ovos de chocolates, não é mesmo? Então voltemos a esse cenário – o quadro é de encher os olhos – crianças lindas, algumas poderiam facilmente protagonizar comerciais de TV da Johnson ou mesmo reviver os premiados filmes da Parmalat(!) que fizeram tanto sucesso no final do século passado(1998/1999). Lembra-se deles? Eram os chamados “mamíferos da Parmalat”. Outras, a vontade é grande de levá-las pra casa, esquecendo-se momentaneamente que elas tem família e que as mães virão buscá-las ao final do dia, às vezes cobrindo-as de beijos e de carinho. Mas, a cena mais emocionante está guardada para o berçário. Quase todos os bebês, ao ver as pessoas, erguem os bracinhos pedindo colo e aí, não há como resistir. Nessa hora é que as pessoas gostariam de ter muitos braços para, simultaneamente oferecer colo a todos. E, pegá-los no colo é muito prazeroso e confortante, além do deleite de sentir aquele cheirinho gostoso de bebê. O fato é que, apesar do tratamento digno e exemplar oferecido pelas creches e, principalmente pelas recreadoras e professoras, impossível dar colo para tantos bebês pelo tempo que eles esperam e, aí é pra se pensar – porque não reunir um pequeno grupo e visitar uma creche por semana, oferecendo o que não custa nada, além, obviamente, do tempo sabiamente utilizado para o bem? Esse simples gesto de carinho, com certeza, é capaz de proporcionar um pouco de alegria e aconchego a essas crianças e, seguramente, as marcarão para sempre, porque, o bem que se faz, quem se beneficia jamais esquece – fica gravado n´alma. Mas, você pode ir além – porque não reunir seus amigos, escolher uma creche e juntos levar em cada Páscoa ou no dia da criança, ovos de Páscoa ou chocolate para essas crianças que, talvez sequer conhecem o sabor do chocolate? Você vai fazer feliz uma criança e, ao mesmo tempo transmitir o real sentido da Páscoa e, isso não tem preço não é mesmo? E você pode fazer isso por uma simples razão – provavelmente porque você não teve isso na sua infância, mas, se tivesse tido não teria esquecido jamais e, possivelmente é o que acontecerá com cada uma dessas crianças. E, se nada disso conseguiu sensibilizar, faça uma reflexão sobre o texto “mensagem de uma criança”, psicografada por Chico Xavier: “Dizem que sou o futuro; não me desamparem no presente. Dizem que sou a paz; não me preparem para a guerra. Dizem que sou a promessa de Deus e do bem; não me entreguem ao mal. Dizem que sou a luz de seus olhos; não me deixem mergulhar na escuridão. De vocês não espero o pão apenas; deem-me a luz do entendimento… Não quero de vocês o carinho somente. Suplico que me eduquem… A vocês não lhes peço apenas brinquedos, peço-lhes boas palavras e bons exemplos… Não vejam em mim um enfeite na casa de vocês; sou alguém, pessoa humana à imagem de Deus. Ensinem-me a oração, o trabalho, a humildade, para que eu venha a ser bom, puro, forte e justo. Corrijam-me agora, ainda que eu sofra… Enquanto é tempo…Amanhã poderá ser tarde…Ajudem-me hoje, eu lhes suplico, para que amanhã e não os faça chorar…”. Por final, ao meditar sobre o sofrimento de uma criança, sabiamente o Papa Francisco, assim profetizou: “Diante de uma criança sofredora, a única oração que me vem é a oração do porquê. “Senhor, por quê? Ele não me explica nada. Mas eu sinto que Ele me olha. E assim eu posso dizer: Tu sabes o porquê, eu não sei, e Tu não me o dizes. Mas, Tu me olhas, e eu confio em Ti, Senhor, confio no teu olhar.”
(Este artigo é uma homenagem a todas as pessoas voluntárias que administram ou trabalham com as crianças das creches da cidade. Um verdadeiro ato de amor.)
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