CORRUPÇÃO
CORRUPÇÃO
José Carlos Buch
De acordo com as fontes – Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa -, corrupção pode significar, além de outras definições: a) no sentido figurado: degradação dos valores morais, hábitos ou costumes; b) ato ou efeito de subornar uma ou mais pessoas em causa própria ou alheia; c) emprego, por parte de um grupo de pessoas de serviço público e/ou particular, de meios ilegais para, em benefício próprio, apropriar-se de informações privilegiadas.
Ao longo de mais de dois milênios – tendo começado no ano 221 a.C. e concluída no século XV durante a Dinastia Ming – a Grande Muralha da China estende-se por 20.000 quilômetros, com sete metros de altura. Pertence à lista do Patrimônio Mundial da UNESCO e foi considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Tão alta que ninguém poderia jamais escalá-la e tão espessa que nada poderia derrubá-la. Por trás de seus muros os chineses sentiam-se perfeitamente seguros e protegidos. Mas, durante os primeiros cem anos da existência da muralha, a China foi invadida três vezes, e em nenhuma delas as hostes bárbaras conseguiu derrubar ou mesmo galgar a muralha. Em todas as oportunidades eles subornaram um porteiro e entraram por um dos portões. Os chineses estavam tão tranquilos confiando nos gigantescos muros de pedra que não se preocuparam em ensinar integridade aos seus filhos. Em nosso país a corrupção, hoje endêmica, teve inicio com os colonizadores portugueses que subornavam nossos ingênuos índios para obter os tesouros brasileiros. Assim, os nossos nativos foram as primeiras vitimas ou os primeiros corrompidos. Mas, a pratica ganhou força mesmo com a chegada da Corte Portuguesa no Brasil em 1808. — Nos oito primeiros anos em terras brasileiras, D. João VI distribuiu mais títulos de nobreza do que em 700 anos de monarquia portuguesa. Portugal havia nomeado até então 16 marqueses, 26 condes, oito viscondes e oito barões. Apenas nos primeiros oito anos da transferência da Corte, o Brasil viu surgir 28 marqueses, oito condes, 16 viscondes e 21 barões. O historiador Pedro Calmon uma vez disse que, para ganhar título de nobreza em Portugal, eram necessários 500 anos, mas, no Brasil, bastavam 500 contos. Nos arredores da Corte, não era raro ouvir ditados populares que criticavam a condução dos negócios públicos. Um deles era ácido: “Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão e quem furta mais e esconde passa de barão a visconde”. Há quem diga que a inspiração para o versinho veio de dois importantes homens da época, que ganharam o título de barão e, logo em seguida, de visconde, graças a muita sonegação de impostos. Joaquim José de Azevedo, o Visconde do Rio Seco, e Francisco Bento Maria Targini, Visconde de São Lourenço, são considerados pelo escritor Laurentino Gomes dois dos principais representantes da corrupção da primeira metade do século XIX. Assim, a corrupção oficializada acha-se instalada no governo brasileiro desde o inicio do século XIX, mas “nunca na história desse país” chegou a ser tão escabrosa e exacerbada como a vivenciada no atual governo. Costuma-se dizer que a ocasião faz o ladrão, entretanto, no Brasil, se for politico, o ladrão já nasce feito, com raras exceções, obviamente. Até nos países de primeiro mundo impera a corrupção, em menor grau, é bem verdade. No Japão o corrupto comete suicídio de vergonha quando é descoberto; na China e na Coréia do Norte, o corrupto, por muito menos, é fuzilado; nos EUA as leis são bastante severas e alcançam qualquer cidadão, americano ou não que tenha se envolvido com empresas ou instituições americanas. E mais, se o suspeito quiser discutir o processo em liberdade terá que depositar uma nota preta a titulo de fiança, José Maria Marin, acusado de corrupção quando presidente da CBF que o diga! O que entristece em nosso país é saber que a maioria dos nossos políticos está envolvida com a corrupção, a começar pelos presidentes das duas principais casas de lei do país – Senado e Câmara Federal. Pena que não possam ser julgados pelo juiz Sérgio Moro! Se pudessem, seguramente faltariam celas na prisão. Os três porteiros subornados na china, assim como os viscondes que roubavam e escondiam na época do Brasil colonial, não passariam de aprendizes de trombadinhas frente aos atuais viscondes de gravata que foram eleitos ou nomeados pelo governo, infelizmente para locupletar-se do dinheiro público. Pobre Brasil, é roubado desde que foi descoberto!
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