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DESPEDIDA SEM NUNCA TER IDO EMBORA


  24 de setembro de 2016

  José Carlos Buch

Em outros tempos a baixada no entorno do Rio São Domingos era uma linda praça com belos e bem cuidados jardins, bancos confortáveis, área de passeio e contava até com um  serviço de auto falantes que executava músicas das 19h00 as 20h00. Hoje, dezenas de centenas de pessoas transitam todos os dias pelo terminal urbano de ônibus construído onde era o  Parque das Américas. O terminal homenageia uma figura importante da cidade que aqui nasceu e inesperadamente encerrou sua missão entre nós no auge da sua vida profissional, com apenas 49  anos de idade. Assim como o seu nome não é  lembrado em importante logradouro público com o destaque que merece, outros tantos também  se encontram no esquecimento não tendo a mesma distinção que merecem, salvo algumas poucas exceções. Para os que não sabem, Gerson José de Camargo Gabas empresta o seu nome ao terminal urbano de ônibus e, se você está lendo este jornal, saiba que não fosse a voluntariedade e a ousadia dele, o jornal não teria resistido e superado tantos obstáculos em sua época e chegado até aos dias de hoje. Gerson iniciou sua vida profissional como professor de educação física em escolas públicas, mas logo descobriu que o direito seria uma forma de estar preparado para ser bem sucedido nos segmentos empresarial e político para os quais estava se enveredando. Como empresário, além de duas emissoras de rádio(Band Fm e Globo Noroeste Paulista-AM), assumiu a direção do “O Regional”, expandindo, dinamizando e dotando-o de moderno parque gráfico.  Em muitas ocasiões especiais, quando da visita de ilustres autoridades, o jornal chegou a ser rodado durante o jantar no qual se homenageava a autoridade e distribuído antes do seu término, trazendo matéria e fotos do evento. Às vezes polêmico, principalmente nas sessões da câmara onde foi vereador com muita altivez e propriedade em três legislaturas(1973/1976, 1977/1982 e 1989/1992)  e presidente da Câmara no biênio 1981/1982, mas,  jamais deixando de ser determinado, intransigente e combativo  na defesa dos interesses da cidade que,  depois da família e da natação a tinha como sua maior paixão. Foi o primeiro vereador a renunciar ao salário destinando-o em prol de entidade beneficente. Alimentava sonhos como qualquer homem público e acreditava que a política era a arte do possível e o único instrumento capaz de materializar e consolidar a democracia. Ao partir prematuramente no dia 29 de setembro de 1966, ano em que foi marcado com tantas tragédias no Brasil(morte de Renato Russo e Mamonas Assassinas, massacre de 199 sem terra em Eldorado dos Carajás e acidente do avião Fokker 100 da TAM matando 99 pessoas)  e,  provavelmente sem a mala estar pronta,  legou para a esposa Marina e os filhos Rodrigo e Mara,  a árdua tarefa de dar continuidade a tudo o que estava sendo construído. A fatalidade levou o homem público, mas não conseguiu levar os seus sonhos que foram realizados pela família harmoniosa.  Seguramente, onde quer que esteja,  não está decepcionado ao ver que os seus projetos foram concluídos e continuam sendo administrados com êxito. Lembrando o professor austríaco e pai da administração moderna, Peter Drucher(1909 – 2005), “Quando você vê um negócio bem-sucedido é porque alguém, algum dia, tomou uma decisão corajosa.” Se não  teve tempo de conhecer os netos, por outro lado também foi privado de ver como alguns políticos que o sucederam deixaram a desejar e pouco fizeram pela cidade.  Existe um poema de autor desconhecido que,  muito bem retrata o sentimento dos que ficaram, não importa o tempo transcorrido, se 1, 5, 10 ou 20 anos: – “Todas as pessoas que passam pelas nossas vidas deixam as suas marcas num ir e vir infinito… As que permanecem … é porque simplesmente doaram seus corações para entrar em sintonia com a nossas almas. As que se vão … nos deixam um grande aprendizado…. Não importa que tipo de atitude tiveram, mas com elas aprendemos muito… Com as vaidosas e orgulhosas aprendemos que devemos ser humildes…. Com as carinhosas e atenciosas aprendemos a ter gratidão…. Com as duras de coração aprendemos a dar o perdão…. Com as pessoas que passam pelas nossas vidas aprendemos também a amar e de várias formas….com amizade, com dedicação, com carinho, com atenção, com atração, com paixão ou com desejo … Mas nunca ninguém nos ensinou e nunca aprenderemos como reagir diante da SAUDADE que algumas pessoas deixam em nós.” – Hoje, passados vinte anos da sua despedida, fica a certeza dele nunca ter ido embora. Porque, além dos seus sonhos terem sido  realizados e materializados,  a sua lembrança e a saudade permanecem para sempre e essas, não se despedem jamais. E, como disse um dia Bob Marley:  – “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.”

                                                                       José Carlos Buch

                                                                     advogado tributário

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