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“É NÓIS…”


  17 de dezembro de 2015

“É NÓIS…”            

                                                                  José Carlos Buch

“O Corinthians nunca perde. O adversário, às vezes ganha!” Esta lapidar frase foi cunhada pelo advogado e ex deputado estadual Dr. Wadih Helu(15/03//22 – 07/04/2011), que foi presidente do Corinthians por uma década(1961/1971), período em que a equipe sequer ganhou um título do campeonato paulista. Na verdade o Timão ficou de 1954 a 1977 sem ser campeão paulista. O longo jejum foi quebrado no dia 13 de outubro de 1977,  com o lendário gol de Basílio aos 36 minutos do 2º tempo – Corinthians 2 x 1 Ponte Preta. Conta a história que em 31 de agosto de 1910 cinco trabalhadores foram inspirados pela turnê no Brasil do time inglês Corinthian Football Club(hoje um modesto time da 3ª divisão da Inglaterra), que já havia vencido com facilidade o Fluminense carioca e o Club Atlético Paulistano, e nesse dia, cravara mais uma vitória sobre um dos grandes times paulistas da época: a Associação Atlética das Palmeiras. Na volta dessa partida os cincos operários (Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, Rafael Perrone, Anselmo Correa e Carlos Silva) se deparam com um terreno baldio na Rua José Paulino (chamada na época de Rua dos Imigrantes), na esquina com a Rua Cônego Martins – no bairro do Bom Retiro, que se tornaria o primeiro campo do Corinthians, apelidado de “Lenheiro”, por ter sido antes um depósito de lenha. Naquele momento, decidiram que criariam um time. A ideia foi oficializada em 1º de setembro de 1910, em reunião feita nesse mesmo lote da Rua José Paulino, à luz de lampiões, após mais um dia de trabalho. Formou-se então o primeiro grupo, com treze integrantes – os cinco idealizadores e mais oito moradores do bairro convidados -, que contribuíram como sócios-fundadores do clube, ainda sem nome.  Miguel Bataglia, um alfaiate  veio a ser (ainda que por curtíssimo tempo) o primeiro presidente do clube. O nome Corinthians foi aceito por todos, ainda que fosse uma corruptela do nome original do clube homenageado, que não possuía o “s” em sua grafia, sendo assim chamado apenas pela imprensa brasileira da época, que se referia ao time inglês como “Corinthian’s Team”. Muito já se escreveu sobre este clube de tantas tradições e incontroláveis paixões. Dois fatos interessantes e pouco conhecidos chamam a atenção. O Corinthians é o time dos pobres, dos negros, dos pardos, dos orientais, mas é também o time de milhões de brancos de raças diversas como os descendentes de árabes, espanhóis e  judeus(Serginho Groisman, Dam Stubalch e Luciano Hulck),  do criativo publicitário  Washington Olivetto, dos jornalistas, narradores e comentaristas esportivos, Juca Kfouri, Mauro Naves, Casagrande, Milton Leite, Juarez Soares e  Chico Lang. É ainda o time de coração de ídolos como a Hortência, o Emerson Fittipaldi, o Anderson Silva, o imortal Aylton Senna e, ainda do célebre ex presidente Fernando Henrique Cardoso,   dentre tantos outros. Seguramente você já viu pessoas mudarem de nome, de religião e até de sexo, mas jamais alguém mudar de time e, se for corinthiano então, nem pensar, pois  o dna do Timão  é transmitido de geração a geração. Em casa de corinthiano não há dissidente, o que normalmente acontece com os torcedores de outros times. Ser  corinthiano é: ser persistente, esperançoso, sofredor, inconformado e apoiador; é acreditar até o último segundo que o placar pode ser virado;  é ter insônia e curtir uma imensa angústia quando o resultado não é favorável; é se orgulhar do time por este chegar sempre entre os primeiros,  ainda que as vezes não seja campeão; é  possuir o distintivo mais bonito do Brasil e o único que homenageia o principal estado da nação;  é se orgulhar de ter um estádio que é um dos mais bonitos do país; é ter o privilégio de pertencer à República Popular do Corinthians. Ser corinthiano, enfim, é pertencer a uma nação dentro de outra nação, talvez a mais heterogênea e democrática do mundo, onde a felicidade e a alegria não dependem de governos e muito menos de políticos, apenas das vitórias e a  palavra crise não existe. É nóis, mano!

(Este artigo é dedicado ao Marcelo Gimenes, Paulinho Simões, Germano Braga Bianchini, Antonio Chaves e ao meu filho Breno – corinthianos de berço e de estirpe)

                                                                           advogado tributário                                                                                 www.buchadvocacia.com.br                                                                    buch@buchadvocacia.com.br

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