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ÉTICA E CARÁTER


  10 de julho de 2015

ÉTICA E CARÁTER   

                                                                  José Carlos Buch

A palavra “ética” vem do grego ἠθικός (ethikos) e significa aquilo que pertence ao ἦθος1 (ethos), que significava “bom costume”, “costume superior”, ou “portador de caráter” – O vocábulo “caráter”, segundo o Dicionário Eletrônico  Aurélio,  Século XXI, compreende, além de outras definições:  “O conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a concepção moral”.  Não faz muito tempo, o fio de bigode valia mais do que a assinatura com firma reconhecida por autenticidade(aquela em que a assinatura tem que ser feita em cartório). Nos dias de hoje, muitos contratos deixam de ser cumpridos e a inadimplência tende aumentar em momentos de crise.  A ética que é irmã siamesa do caráter aprende-se em casa, mas é também forjada na escola. Isso faz lembrar as palavras do personagem e professor do St. Benedict´s College,  Hundert, vivido por Kevin Kline, dirigindo-se ao arrogante ex-aluno Sedgewick,  no filme “O Clube do Imperador”,  “… Um grande professor tem pouca história para registrar. Sua vida se prolonga em outras vidas. Homens assim são pilares na estrutura de nossas escolas, mais essenciais que seus tijolos ou vigas e continuarão a ser centelhas e revelações em nossa vida.” – “Por mais que trapaceamos, o fardo de um professor é sempre esperar que o aprendizado possa mudar o caráter de um garoto e assim mudar o destino de um homem.”  Imagine quão frustrados devem estar os professores que tentaram forjar o caráter dos envolvidos na operação “Lava Jato”, incluindo diretores de empresas empreiteiras, diretores da Petrobrás, doleiros, intermediários,  responsáveis por partidos e obviamente políticos beneficiados. Imagine, também, quão decepcionados estão os professores  dos políticos condenados na operação “Mensalão”  e, de tantos outros políticos envolvidos com desvios de recursos públicos que proliferam às tantas país afora. Infelizmente, apesar da seriedade de determinadas instituições, incluindo o Ministério Público e a Polícia Federal, a verdade é que não passa uma semana sem um novo escândalo ganhar manchetes. Há quem diga que a raiz provável do problema está na formação do caráter e na falta de ética dos homens. Esses princípios básicos infelizmente estão ausentes em muitos segmentos da sociedade.  Ninguém está à salvo daquele  servidor público que cria dificuldades para vender facilidades; do policial(felizmente, cada vez mais raro),  que deixa-se corromper para não lavrar uma multa; do político que recebe ou exige grana para aprovar determinado projeto ou liberar determinado pagamento; do administrador público corrupto e do empresário que o corrompe; das concorrências fraudadas;  do funcionário  comprador de grandes e pequenas redes,  que não abre mão de propina para introduzir ou adquirir determinado produto, não importando a sua aceitação ou a qualidade. É claro que não se pode generalizar e nem se deve, mas, principalmente no Brasil, a lei de Gerson(aquela que sugere levar vantagem em tudo!),  ainda continua a imperar a despeito dos judiciosos ensinamentos ditados em casa e, principalmente nas escolas. Dizem que a falta de ética e de caráter existe desde que o homem passou a viver em sociedade organizada, não importa o regime. Cite-se o caso da China, uma sociedade fechada com penas rigorosas que não impede que altas patentes do poder central sejam  acusadas de corrupção e condenadas à pena de morte. No mundo ocidental, as penas são menos severas e no Brasil, se locupletar do dinheiro público é um bom negócio, em face leis frouxas e brandas que permitiram que os ladrões do mensalão deixassem a cadeia após cumprir o máximo de três anos atrás das grades. No mundo atual,  ser honesto deixou de ser uma obrigação,  para se tornar uma virtude, às vezes rara. Nunca e em tempo igual,  aquela imaginária lei de um único artigo que diz que “todo o brasileiro deveria ter vergonha na cara” se faz tão necessária. Também a prova quádrupla,  criada para tirar a empresa americana Club Aluminium Products Company, da falência em 1932 e adotada pelo Rotary com autorização do seu criador, Herbert J. Taylor, a partir de 1944, poderia ser adotada como principio básico importante para nortear a conduta dos homens:  1. É a VERDADE?  2. É JUSTO para todos os interessados? 3. Criará BOA VONTADE e MELHORES AMIZADES? 4. Será BENÉFICO para todos os interessados?  Ao final, não por acaso, vem a lume o diálogo adaptado para este artigo, de um dos personagens do filme “Fogueira das Vaidades”(sugestivo) e que com outras palavras teria dito o seguinte: –   “O que é a ética? Ética é uma norma de conduta. E o que é uma norma de conduta? É a frágil tentativa dos homens de normatizar um comportamento decente. E o que é decência? Decência é o que  nossos avós(leia-se geração) nos ensinaram e que nós esquecemos.”

                                                                 advogado tributário                                                                                  www.buchadvocacia.com.br                                                                   buch@buchadvocacia.com.br

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