“Filhos meus,Há mais de dois mil anos, cumprindo o prometido pelo PAI e o preconizado nos escritos do velho testamento, vim ao mundo em condições de extrema humildade para mostrar que humildade, em qualquer tempo e lugar, é um princípio essencial ao ser humano. O dia escolhido para o meu aniversário tem sido objeto de controvérsia e,  há até aqueles que duvidam da estrela guia que conduziu Baltazar, Belchior e Gaspar em visita, ao estábulo onde eu despertava para o mundo. Muitos credos e falsos profetas surgiram nesses mais de vinte séculos. Meu nome tem sido usado em vão e o charlatanismo é mercantilizado como milagre. Muitos déspotas  invocam o meu nome e do PAI, mas poucos se fazem verdadeiramente seguidores dos princípios e ensinamentos que aqui deixei. Frustração à parte, o fato é que,  a cada ano, quando se aproxima o dia do meu aniversário, mais e mais me decepciono com os homens que habitam o planeta terra. Embora o meu poder de onipresença me permite estar em todos os lugares, é do alto, onde também  me encontro,  que consigo ver o que o homem foi capaz de fazer com a data do meu nascimento. Fico triste ao observar que o homem já conquistou a lua, mas ainda não descobriu o valor e o alcance de um afetuoso abraço ou quiçá de um sorriso amigo. No meu aniversário, valoriza-se mais o 25 de março que é rua de bugigangas e artigos piratas na cidade que leva o nome de Paulo, um dos principais divulgadores dos meus ensinamentos,  do que o dia 25 de dezembro, este último alocado no calendário Gregoriano e aceito por todos como a data do meu nascimento. O exemplo deixado pelos três magos transformou-se num frenesi de  lojas e  ruas abarrotadas de pessoas na busca de futilidades que, de longe lembram a mirra, o incenso e o ouro por eles deixados no estábulo. Nesse cenário urdido de fantasias,  criaram a figura de árvores enfeitadas com pequenas luzes coloridas de qualidade duvidosa, produzidas com mão de obra semi-escrava num grande país asiático. Para as crianças, inventaram a figura mitológica de um bom velhinho que entrega presentes a ricos e pobres, sem distinção,  o que faz muitos pequeninos pobres e inocentes enviar cartinhas a ele com pedidos que, na grande maioria, custam pouco para serem atendidos. A ceia deixou de ser uma reunião em família e momento de reflexão para festejar o meu aniversário, cedendo lugar à ostentação da mesa farta, bebidas importadas e caras e superstição de toda ordem, desde consumir uma maçã para trazer saúde, usar uma roupa nova para dar sorte e até colocar sapato lado a lado para evitar discussão e família, dentre muitas criadas mundo afora.  As cidades não são  decoradas para comemorar o meu aniversário e, nem de longe lembram isso,  mas sim para atrair mais e mais consumidores ávidos por produtos nem sempre indispensáveis, muitos de consumo sazonal  e crediário que esconde juros extorsivos, tudo induzido por maciça e ostensiva propaganda na mídia. Diante de tudo isso não há como evitar o meu desapontamento e decepção. Afinal, difícil imaginar o que o homem é capaz de fazer o que me faz lembrar as últimas palavras ditas nos últimos instantes da minha estada física na terra – “Pai, eles não sabem o que fazem”.  Conforta-me o fato de que o meu aniversário ainda habita o coração das crianças, dos humildes, dos pobres  e desvalidos e, principalmente, daqueles que fazem do meu Natal uma oportunidade para servir o semelhante, sempre. Sim, porque esse é verdadeiramente o espírito do Natal. Do meu e do seu Natal.               P.S. não queiram responder esse meu e.mail, pois a tecnologia disponível na terra não é compatível com a voz do coração e a força da oração que continuam sendo os únicos canais de comunicação com o meu plano.”                    

advogado tributário

www.buchadvocacia.com.br                                       colaborador do Notícia da Manhã