(história real)

                                                           José Carlos Buch

Este artigo poderia ter outros títulos, como: “Este cara sou eu”, “O padre do lixão”, “Milagre do lixão”, “Milagre da vida”; “Aborto frustrado”, “Sobrevivente do lixão”,  “Lixão como primeiro berço”,  “Uma história fascinante”, e por ai vai… Fato é que, o título por mais criativo e chamativo que pudesse ser, não seria capaz de traduzir a grandeza da história. Vamos a ela. Era uma homília como outra qualquer, não fosse o final que surpreendeu a todos os presentes deixando-os perplexos. Todos esperavam  que o(a) protagonista da história fosse apenas uma peça de ficção ou algo criado pela imaginação de algum colunista de jornal, mas não foi isso o que presenciaram.  O celebrante, trajado com  paramento verde por sobre vestes branca(a cor verde simboliza o tempo comum, tempo de Graça e esperança), de barba escura e cerrada, cabelo aparado, óculos de aro metálico e aparentando não mais do que quarenta anos, dirigiu-se ao púlpito do altar para fazer a sua pregação. O vídeo que está viralizando nas redes sociais não mostra o público presente na igreja, mas pelos aplausos ao final, pressupõe-se que esta estava repleta de pessoas. Então, o padre começou a contar uma história que é aqui reproduzida ipsis litteris. –  “Uma pessoa  que é fruto de um aborto de sete meses, a mãe dessa pessoa abortou  e a abandonou num terreno baldio onde jogavam lixo. Um rapaz,  morador de rua  deficiente mental que catava lixo a achou. Chamou ajuda de uma  mulher que se tornou a mãe desse  bebê… entrou e a salvou. Essa criança  estava muito machucada cheia de bicho de lixo –  aquelas formigonas né? Então, levou-a pro hospital  e a assistência social falou:  – essa criança não pode ficar aqui no hospital a gente não tem como cuidar dela! A  mulher  disse: – eu levo, mas calma aí – tinha uma capela e lá tinha uma Nossa Senhora das Graças, então  ela se virou e falou assim: – óh, esse filho não é só meu não,  é teu também mãe! –   já lhe consagrou! Levou, a criança teve muitos problemas de saúde mas sobreviveu. Com 3 anos essa mulher o adotou em definitivo. Com 17 anos,  esse menino fez uma profunda experiência  no grupo de oração no dia primeiro de outubro,  aí ele começou a caminhar – dois anos de caminhada … ele começou a conhecer um seminarista que se tornou padre.  Decidiu fazer uma experiência no seminário –  largou a  sua carreira e  já estava na seleção brasileira  de atletismo,  terminando uma faculdade. Entrou pro seminário e se tornou padre  porque,  a graça de Deus,  tem o poder de transformar um aborto em sacerdote e,  essa pessoa, bem … essa pessoa  sou eu.” Pena que  as palavras escritas, por mais que se queira,  não tem a dramaticidade e a mesma capacidade de expressar e transmitir a emoção que é passada ao assistir o vídeo. Essa pode não ter sido a melhor homilia professada pelo protagonista dessa história, mas seguramente é a mais original, verdadeira e autêntica de todas.   Como se vê, a vida desse sacerdote começou com um milagre.

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