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JULIO – UM EMPRESÁRIO ALÉM DO SEU TEMPO


  12 de outubro de 2010

JULIO – UM EMPRESÁRIO ALÉM DO SEU TEMPO   

                                                                  José Carlos Buch

Hoje, dia 12, do mês 12,   completa-se 12 anos da viagem para o plano do SENHOR do empresário Júlio César Marino. Sua biografia, ainda que resumida,  merece ser lembrada, não só pelo o que ele foi mas, também, pelo que é, pois suas iniciativas, empreendimentos, criatividade e legado continuam presentes e vivos nos exemplos e  nas empresas que deixou, estas magistralmente administradas pelo seu irmão José Carlos. Sua trajetória(termo que ele gostava de usar) tem início quando, com apenas 14 anos de idade, começa a  trabalhar no expresso Pontiac com seu tio Olivio Marino, como office boy  e entregador das mercadorias recebidas, muitas vezes usando como meio de transporte, uma carroça. Na adolescência conheceu o mundo do café e, antes mesmo de completar  18 anos,  já era fiel(chefe) de armazém na Bama S/A.. No ano de 1.963, então com 20 anos, fundou juntamente com seu irmão José Carlos, uma pequena empresa – J. Marino & Cia. Ltda., para atuar no ramo de compra e venda de café beneficiado e, juntos, iniciaram na então desabitada saída de Pindorama, atual Av. São Vicente de Paulo, início da Vila Celso Mouad,   a Companhia  de Armazéns Gerais Catanduva-CAGEC. Dois anos depois a empresa J. Marino já contava com um funcionário (este colunista) e o seu patrimônio não ia além de um fusca vermelho e muita perspectiva de se tornar grande. Desde então a empresa nunca mais parou de crescer e, cada ano, novas conquistas. Assim é que a tirocínio do seu fundador levou a empresa a criar filiais no Estado do Paraná, em Colorado, Umuarama e Londrina. Investiu e acreditou no sul de Minas que despontava para a cafeicultura, abrindo a filial de Varginha e, com a empresa já estruturada,  passou a operar diretamente no mercado de exportação criando filial na praça de Santos, no Edifício Rubiácea, na praça dos Andradas. Em seguida, apostando no café produzido na Bahia, construiu modernas instalações de beneficiamento e preparo em Vitória da Conquista. Catanduva recebia café de todas as filiais que, aqui eram preparados, classificados e direcionados para o mercado interno e exportação, diretamente para o costado dos navios, poupando despesas com descarga, armazenamento e carga,   fato inédito no segmento de café, à época. Em 1976, ingressou no ramo de torrefação com a aquisição da Indústria Cotam S/A., em Rolândia/PR., , transformando-a na primeira torrefação do sul país e pioneira na fabricação do café vácuo puro no país. Nesse período  adquiriu modernas instalações na entrada da cidade de Londrina e lá passou a fabricar os filtros de papel para coar café, cujo projeto experimental nasceu em Catanduva. Em 1.984, a empresa tornou-se uma das primeiras exportadoras de café  do país com a comercialização de mais de um milhão de sacas. Em 1.988, fundou a COTAM CIC em Curitiba e passou a industrializar o café “Casa Grande” para a Nestlé. Inerente  ao desenvolvimento industrial Julio investiu na produção de cana-de-açúcar na região de Catanduva e produção de cafés finos no triângulo mineiro, em Patrocínio. Com o declínio do café no estado de São Paulo e Paraná, migrou em dezembro de 1991,  para a industrialização de biscoitos, inovando na criação de novos produtos e sabores, sendo o idealizador do sabor em dobro, i. é, dois sabores em único biscoito. Júlio sempre esteve muito além do seu tempo e, dentre inúmeros exemplos de ousadia, arrojo e criatividade que marcaram a sua trajetória, destaca-se o fato de ter sido o primeiro empresário a usar computador em suas empresas em Catanduva, no final dos anos setenta, quando a informática mal dava seus primeiros passos no Brasil. Desbocado sem ser deselegante, com amigos e funcionários, dormia com o dedo na tomada como gostava de dizer e  tinha o hábito de anotar tudo, escrevendo sempre com o auxílio de uma régua, não dispensando um  “caderno” de 200 folhas (um para cada ano civil), onde dispunha de todas as informações que julgava indispensáveis compreendendo: agenda de telefone, posição financeira de cada empresa, obrigações a pagar e a receber e respectivos vencimentos, produção, quantidade comercializada, etc.. Bem relacionado, inúmeras vezes foi convidado para tomar café sempre nas primeiras horas da manhã(às 7:00 horas) com Amador Aguiar, fundador do Bradesco, que certa feita chegou a dizer que  Julio era o filho que não tivera. Antes mesmo de ser empresário bem sucedido e  afortunado, revelou o seu espírito altruísta, sendo um dos contribuintes(junto com mais dois amigos), que bancaram os custos do curso de pilotagem do então idealista Rolim Amaro, fundador da TAM que se brevetou em Catanduva. Julinho, como era conhecido, era ousado sem deixar de ser comedido, organizado e planejador, legando inúmeros exemplos de espírito de luta, lealdade, coragem e honestidade. Faleceu tragicamente, vítima de assalto, na cidade de Londrina-PR., no dia 12 de dezembro de 1.997. Seus sonhos sempre foram grandes e suas realizações não menos diferentes e, sempre incluíram Catanduva, sua terra natal, na qual teve participação ativa em atividades sociais e de interesse público. Sua memória estará sempre eternizada no coração e na lembrança dos que com ele conviveram e, o seu  nome merecidamente perpetuado na avenida que é prolongamento da Av. José Nelson Machado, graças a iniciativa e indicação do dinâmico prefeito Afonso Machione Neto. Júlio deixou uma sábia lição que poderia ser resumida na seguinte frase – “O trabalho incansável permite realizar sonhos inimagináveis.”

                                                                  advogado tributário

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