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MOACIR – MEIO SÉCULO DE TRABALHO


  9 de fevereiro de 2012

MOACIR – MEIO SÉCULO DE TRABALHO

Certamente uma sexta feira, exatos um mês antes do início do carnaval, não seria o melhor dia para começar num novo emprego. Contudo, não foi isso o que ocorreu com o personagem que ilustra essa história.

Com apenas 13 anos, alto, empertigado, de olhos castanhos ávidos  e fascinados por descobrir um mundo novo,  já de voz grave e determinada, porém tímido, egresso da vizinha Taiaçu, começava o dia como office boy e, a partir daí, a construção de uma carreira de 50 anos.

A  Tipografia São Domingos, à época, era uma modesta gráfica no então limitado barracão, aos fundos do número 1.104 da Rua Minas Gerais,  fundada pelos irmãos Boso(José Antonio, Pedro, Antonio, Octacílio e Tereza).

Na época eram poucos os funcionários, mas os prelos não eram suficientes para abrigar tantas chapas com linotipos e clichês que movimentavam e azeitavam as máquinas e davam formas aos impressos, talonários, livros fiscais e livros de cartórios que levavam o nome grafado da São Domingos de Catanduva, aos mais distantes rincões do nosso país.

A qualidade do serviço e a rapidez no atendimento nortearam um crescimento vertiginoso e,  em pouco tempo,  a Tipografia não tinha mais como se expandir no espaço da Rua Minas Gerais que já tinha sido ampliado no seu limite. Assim, a mudança para o Parque Industrial tornou-se inevitável. 

Junto com esse crescimento e mudança, muitos funcionários também cresceram e mudaram para melhor. O então tímido Office boy já deixara de ser auxiliar de contabilidade e agora,  após se formar técnico em contabilidade,  era o contador da empresa e tinha concluído também o curso superior de Economia.

À medida que o negócio se expandia e os barracões mais e mais exigiam  ampliação para abrigar novas e moderníssimas máquinas,  compradas na Alemanha,  a empresa ia perdendo seus fundadores homens que, um a um, eram chamados  para um novo projeto no céu cuidando da gráfica do Senhor.

Sem deixar os estudos que o levou a  concluir outras três faculdades(Administração de Empresas, Direito e Ciências Contábeis), foi conquistando promoções e espaço na empresa que, nessa altura,  deixava de ser uma simples tipografia para se tornar uma indústria gráfica respeitada e reconhecida, voltada principalmente para a produção de cadernos, inclusive para exportação.

Ao completar 37 anos de casa, em 1999,  com a morte do Aimar Newton Boso que substituíra Pedro Boso(prematuramente falecido dois anos antes),   tornou-se Diretor Presidente,  fazendo da empresa uma das três maiores do Brasil no ramo de cadernos.

Na construção desse sonho,  teve sempre ao seu lado a esposa Cleide,  com quem se casou em junho  do ano 1978 e,  juntos fizeram dos filhos Fábio Luis e Valéria, cidadãos do mundo e profissionais realizados,  já que ambos vivem no exterior. Essa é a trajetória do Moacir  Jesus Bérgamo, menino pobre,  que de Office boy galgou o cargo máximo na empresa que ajudou a construir, a única que a sua Carteira de Trabalho conhece e, onde  há 50 anos vem escrevendo linha por linha o seu caderno de história e de sucesso,  e que começou numa sexta feira, dia 16 de fevereiro de 1962.

Seguramente, poucos sãos os profissionais no Brasil que podem se orgulhar de permanecer meio século numa mesma empresa e construir uma carreira tão notável e invejável.

Nesses 18.262 dias de vida profissional na única empresa, é possível dizer que o Moacir  acumulou experiência e informações  que lhe permitem conhecer cada detalhe do chão da indústria, passando por cada máquina, chegando ao mais humilde funcionário, indo até os meandros e segredos da administração, da área comercial, inclusive,  mercado exterior.

Pertinaz, obstinado e não muito preocupado com os papéis que povoam a sua mesa de trabalho  é,  ao mesmo tempo,  despojado de vaidades e de formalidades e,  nunca valeu-se  do cargo para conquistar o respeito e  liderança, já  que lhe são próprios e brotaram naturalmente, sem qualquer imposição.     

O publicitário Nizan Guanaes certamente se inspirou em alguém como o Moacir para escrever “Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.  E,  só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso”.

Para àqueles que ainda têm superstição de iniciar um empreendimento ou começar num novo emprego numa sexta feira de fevereiro, fica o exemplo de sucesso do Moacir, cuja história se confunde com a própria história da empresa que o abrigou e lhe proporcionou oportunidade,  quando ainda adolescente.

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