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MOSSORÓ, ONDE A ABOLIÇÃO ACONTECEU EM 1883


  8 de outubro de 2019

MOSSORÓ, ONDE A ABOLIÇÃO ACONTECEU EM 1883

                                                                  José Carlos Buch

Como acontece desde 1913, 30 de setembro é feriado na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Nesse último dia 30, a cidade se esmerou na apresentação dos desfiles cívicos, com a participação de inúmeros colégios e suas fanfarras, militares com destaque aos maçons com seus aventais típicos. A rua principal, com as calçadas apinhadas de gente, estava a comemorar um dos principais feriados do ano celebrando a abolição da escravatura que,  por lá se deu em 1883, cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea.  A luta para a libertação dos escravos do intenso trabalho e dos castigos físicos começou muito tempo antes. Mossoró foi o primeiro município potiguar a abolir a escravidão. O estado do Rio Grande do Norte não chegou a ser uma unidade da federação dependente da mão de obra escrava para que pudesse ocorrer o desenvolvimento. Em 1862, a população total de Mossoró era de 2.493 pessoas, entre os quais 153 eram escravos. Um dos pontos que teria justificado o movimento de abolição do movimento escravista teria sido a grande seca devastadora ocorrida no Brasil de 1877 e 1878, onde milhares de pessoas sofreram, inclusive os donos e proprietários dos escravos. A partir daí, esses donatários começaram a mandar seus escravos para serem vendidos em municípios litorâneos. Além disso, o comércio escravista também estava sendo estabelecido em Mossoró. Ao todo, várias casas de comércio se tornaram lugares destinados à comercialização dos escravos, como, por exemplo, a Mossoró & Cia., pertencente ao Barão de Ibiapaba. Esses escravos, ao serem vendidos, eram mandados para Fortaleza, capital do Ceará, e depois enviados para províncias do sul. A  ideia de Mossoró libertar os escravos surgiu a partir de uma homenagem prestada pela maçonaria ao casal Romualdo Lopes Galvão, líder da política e do comércio local em 1883. A proposta tomou força com o apoio popular e naquele mesmo ano, foi instalada, na Câmara Municipal, a “Sociedade Libertadora Mossoroense”. A Sociedade estabeleceu como meta libertar os 86 escravos que viviam na cidade. Foi instituído então o dia 30 de setembro para que todos os escravos fossem libertos. E o objetivo foi alcançado. Já no mês de junho, em sessão especial realizada na Loja Maçônica 24 de Junho, 40 escravos forram alforriados. Naquela época, manter escravos era caro e muitas pessoas não faziam oposição em libertá-los. Somente alguns fazendeiros reivindicaram indenização pela alforria. Os escravos libertos continuaram vivendo nas fazendas, não mais como cativos, e sim como funcionários remunerados. O movimento era organizado e se preocupou com o futuro libertos, diferente do aconteceu com a Lei Áurea, quando os escravos foram expulsos das fazendas e acabaram marginalizados. Após o fim da escravidão na cidade, Mossoró passou a receber uma quantidade significativa de escravos que fugiam de outros municípios em busca da liberdade.   Em Mossoró, a  data de 30 de setembro  é considerada histórica  e,  há mais de um século é feriado municipal. Em homenagem a este acontecimento, entre 28 e 30 de setembro de 2011, a cidade se tornou a capital do Rio Grande do Norte, tendo o governo estadual sido transferido temporariamente de Natal para Mossoró e se instalando no Casarão Lili Duarte, que é atualmente sede da vice prefeitura. Pelo sim, pelo não, essa é mais uma história que a nossa história ainda não registra.   

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