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MÚSICAS CLÁSSICAS E SUAS HISTÓRIAS


  26 de agosto de 2019

MÚSICAS CLÁSSICAS E SUAS HISTÓRIAS

                                                                  José Carlos Buh

É difícil encontrar alguém que não conheça ou não tenha ouvido a música “Boate Azul”, de Benedito Seviéro(falecido recentemente), um dos maiores compositores da música romântica e boêmia do país. Entretanto, o que poucos sabem é que o clássico, eternizado na voz da dupla Joaquim e Manuel, na década de 1980 e cantada por praticamente todas as duplas em shows, foi inspirado duas décadas antes  e segundo o próprio autor, em uma casa noturna de Apucarana e não numa boate de cidade grande como se pensava. Conta o compositor –  “Eu estava acompanhando o cantor José Lopes, muito famoso na década de 1950, que faria um show na boate Blue Night, da dona Dirce, em Apucarana. Porém, o papa João XXIII morreu naquele dia e o show foi cancelado”, recorda. O papa João XXIII morreu vítima de câncer em 3 de junho de 1963. Lembra-se que muitas pessoas aguardavam a apresentação na casa noturna. “A Blue Night ficava localizada, naquela época, cerca de 3 quilômetros fora da cidade, às margens da rodovia”. Apesar da pressão do público, naquele dia o show não pode continuar. “A polícia proibiu a apresentação em respeito à morte do papa, mas os frequentadores estavam todos de ‘fogo’ e não queriam ir embora. Eles ficaram lá sem saber para onde ir, bêbados.  Foi inspirado naquela cena que,  três meses depois, que resolvi escrever ‘Boate Azul’”. Para quem não lembra, o refrão da música diz: –  “Sair de que jeito, se nem sei o rumo para onde vou, muito vagamente me lembro que estou em uma boate aqui na zona sul. Eu bebi demais e não consigo me lembrar sequer, qual era o nome daquela mulher, a flor da noite na boate azul”. Por incrível que pareça, a morte de um papa acabou, por via oblíqua, inspirando um das canções mais lembradas do Brasil. A história seguinte é mais dramática.  O autor de “La Barca” e “El Reloj”(O Relógio) é o mexicano Roberto Cantoral, que faleceu em 2010 aos 75 anos de idade. A primeira gravação de “El Reloj”,  é de 1957 e desde então foi gravada por centenas de cantores mundo afora e,  no Brasil imortalizada na vozes de  Altemar Dutra, Adilson Ramos, Roberto Luna e Trio Irakitan. É uma das músicas mais conhecidas no mundo todo e grande parte da geração sessenta e setenta conhece a letra de cor, mas poucos conhecem a sua história. Na verdade, “El Reloj” é uma canção muito sofrida e atormentada e a explicação é que o compositor Cantoral escreveu a  letra num hospital, onde sua mulher estava internada e seria operada nas primeiras horas da manhã. Os médicos haviam lhe dito que o quadro era extremamente grave e havia poucas chances de sucesso na cirurgia. Observem a letra da canção: –   “Relógio, não  marques as horas porque vou  enlouquecer, ela  irá para sempre, quando amanhecer outra vez. Mas nos temos esta noite, para viver nosso amor, e teu tic-tac recorda minha irremediável dor. Relógio, pare teu caminho, porque minha vida se apaga, ela é uma estrela que ilumina meu ser e, sem o seu amor não sou nada. Detém  o tempo em tuas mãos, faz  esta noite perpétua, para que nunca se vá de mim, para que nunca amanheça.” –  Faz todo o sentido. A melodia se encaixa na letra com perfeição e o resultado é uma canção pungente, emocionada, sofrida, suplicante. O episódio de que fala a música se passou no Hospital de Beneficência Espanhola de Tampico, onde havia um grande relógio na parede. “El Reloj”,  mostra o sofrimento e a angústia do amante com a doença da amada. Não se conhece o nome da mulher,  nem do diagnóstico de tão grave moléstia e muito menos do desfecho da cirurgia. A triste história é mais uma lenda urbana. “El Reloj” foi composto em 1956, numa excursão aos EUA do Trio Los Caballeros, do qual o compositor, então com 21 anos, participava. Uma simples canção romântica, que Los Caballeros gravaram no ano seguinte. É a angústia e o sofrimento tocando a alma humana e fazendo esta se expressar em forma de canção escrita com lagrimas de dor.

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