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NO TEMPO DAS JARDINEIRAS – PARTE II


  10 de novembro de 2011

NO TEMPO DAS JARDINEIRAS – PARTE II

                                                                  José Carlos Buch

Por volta de 1960, automóveis eram privilégio de poucos e a cidade, além dos pontos de táxi com seus “Ford 48” pretos impecáveis e pneus com faixas brancas, era servida por carroceiros que faziam o  transporte de curta distância  e as charretes utilizadas na locomoção de pessoas.  O bar do povo na Praça “Monsenhor Albino”, onde hoje está a “Pastelaria da Praça”, era um dos pontos das jardineiras que, mesmo estacionadas, não atrapalhavam o trânsito da então Rua Brasil, de leito carroçável largo, de paralelepípedo e palco de memoráveis desfiles de carnaval e mesmo cívicos. Outro ponto era o Bar do Viaduto, que existe até hoje na Rua São Paulo esquina com Rua Rio Grande do Sul.  Desses pontos da cidade partiam as jardineiras que faziam o transporte de pessoas para os sítios, fazendas e cidades vizinhas, e que se caracterizavam por possuir somente uma porta dianteira,  e  transportavam até  no seu teto pessoas e mercadorias(que risco!).  Tinha a jardineira do “Mané Vito”, um senhor negro e alto, porém alquebrado,  de cabelos grisalhos que fazia a linha Palmares, Pompeu e  Santa Helena. A jardineira dos Irmãos Vian, que atendia Caputira, Elisiário, São João do Itaguaçú e Urupês. A jardineira do “turco” era uma espécie de circular, pois fazia somente o percurso Catanduva a Pindorama e vice-versa. Nessa época a  empresa Caparroz & Cia. Ltda., capitaneada pelo sr. João Caparroz, um espanhol rigoroso de baixa estatura,  fazia ponto na estação rodoviária, atual “Estação Cultura”, na Rua Rio de Janeiro, possuía várias linhas e chegou a ter uma frota com  sessenta ônibus. Os ônibus da empresa Caparroz atendiam praticamente todas as cidades da região, num raio de até 150 kilômetros, inclusive Araraquara, São José do Rio Preto chegando até Marília. Na empresa Caparroz e na revenda Ford do mesmo grupo em Novo Horizonte, os irmãos José, Clovis e Afonso Oger trabalharam por muitos anos até se mudarem para São José do Rio Preto, onde fundaram a Viação Itamarati, hoje destacada entre as grandes empresas de ônibus do país.  De Ariranha, passando por Santa Adélia, partia a jardineira do Cizino Araújo, que existe até hoje. Saindo de Olímpia, passando por Tabapuã e  Catiguá, a Empresa de Ônibus Santa Luzia, atual Empresa de Ônibus Tabapuã. Finalmente a jardineira do “surdinho” apelido do Julinho Castilho, que fazia a linha Monte Azul, passando por Paraíso.  As estradas eram de terra e nem sempre conservadas e,  era comum o encalhe das jardineiras na época das chuvas, transformando a viagem em verdadeira aventura.  Para São Paulo, competindo com os DC3 da Viação Real, que pousavam e decolavam na pista de terra e com o trem da EFA,  transitavam na rodovia Washington Luiz de pista simples, nem sempre bem conservada,  e que ceifou muitas vidas,  os velozes ônibus(não tinham limite de velocidade) da Cobratur,  Expresso Brasileiro e Viação Cometa, esta última atendia também Araraquara e São José do Rio Preto. Certamente, era uma época ingênua que hoje habita somente na nostalgia daqueles que a vivenciaram. De lá para cá, o nosso planeta, hoje acolhendo sete bilhões de pessoas, já deu quase cinqüenta e uma voltas  ao redor do sol. Está  próximo de completar 18.600 voltas ao redor de si mesmo, aproximou o homem da lua e está próximo de outros planetas. Só não encurtou a distância das diferenças sociais que, na época, seguramente,  era bem menor e favela era apenas cenário de filme(Orfeu Negro).

                                                                  advogado tributário

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