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NOSSA LINGUA – SEGREDOS, MITOS E VERDADES – PARTE I


  12 de maio de 2014

NOSSA LINGUA – SEGREDOS,  MITOS E VERDADES – PARTE I

                                                                           José Carlos Buch

A Revista Brasil Rotário de nº 1102, do mês de abril, estampa nas fls. 30/33, extensa matéria sobre o título “O nosso incrível português”, da lavra do rotariano Eduardo Mayr, do Rotary Club de Copacabana/RJ. Das quatro páginas, ricas em preciosidades históricas e desmitificação de  muitas frases e adágios, extraímos uma síntese para compor este artigo. Segundo o autor,  o português é uma das línguas oficiais da União Européia, do Mercosul, da União das Nações Sul-Americanas, da OEA, da União Africana e está buscando ser uma das línguas oficiais da ONU. Com 280 milhões de falantes, o português é a quinta língua mais falada no mundo, a terceira mais falada no Hemisfério Ocidental e a mais falada no Hemisfério Sul. E, nós acrescentamos que a soma de todos os habitantes da América Latina que falam o espanhol é menor do que os 200 milhões brasileiros que falam português. E mais, segundo publicação do ano de 2009, da Academia Brasileira de Letras, nossa língua comporta 381.000 verbetes, seguramente uma das mais, senão a mais rica do mundo.  Voltando ao autor, diz ele que a linguagem popular, costumamos usar expressões equivocadas, que perderam seu sentido original. Por exemplo: “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho carpinteiro”. Não é isto, não há nenhum bicho com martelo ou serrote. A expressão se corrompeu de “bichas pelo corpo inteiro”, lembrando as lombrigas que tornavam a criança muito agitada. “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”. Não esparrama nada, ela espalha a rama pelo chão. Fala-se em “cor de burro quando foge”. Ora, quando o asno desembesta, assustado, ele abaixa a cabeça e começa a derrubar tudo. Não fique na frente dele para não ser atingido. Assim, corra de burro quando foge. “Quem tem boca vai a Roma”? Não, a origem da expressão é vaia, do verbo vaiar, protesto contra o dominador. A expressão cuspido e escarrado vem de esculpido em Carrara, cidade italiana que tinha o mármore mais perfeito para cópias. E “Quem não tem cão, caça com gato” não é verdadeira, pois quem carece de cão para buscar a presa, caça sozinho, como gato. Há expressões idiomáticas muito interessantes, como “enfiou o pé na jaca”, que evoca os tropeiros e sua pinga, pois quando bebiam demais, ao procurar subir em suas montarias, enfiavam o pé no jacá, um tipo de cesto para transporte de mercadorias preso ao lombo dos animais. A jaca não tinha nada com a história. “Feito nas coxas” lembra as telhas usadas nas casas, em argila, e que eram moldadas nas pernas dos escravos, tendo assim tamanhos desconformes. Não tem qualquer conotação erótico-sexual. “Voto de Minerva” lembra Orestes, filho de Clitemnestra, e que, na mitologia grega, foi acusado de assassinar a mãe. No julgamento, houve empate entre os jurados. Coube à deusa Minerva o voto decisivo, a favor do réu. “Casa da Mãe Joana” lembra que na época do Brasil Império havia uma proprietária de prostíbulo de nome Joana. Tratava-se de lugar de muita liberalidade, onde ninguém mandava.  A expressão “conto do vigário” tem três versões. A primeira diz respeito às igrejas de Ouro Preto, quando uma imagem de santa foi oferecida, e o seu destino foi decidido de forma questionável. A segunda, de um salafrário que teria deixado dinheiro com o vigário. A terceira, vindo da expressão “vicário”, ou substituto, como “vigário de Cristo”. A expressão “gato por lebre” tem o mesmo sentido de engodo. “Conto do paco”, por sua vez, vem do francês paquet, daí pacote, em português, em que o conteúdo foi modificado. “Ficar a ver navios” lembra Dom Sebastião 1°, rei de Portugal, que havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir (1578), mas como seu corpo nunca foi encontrado, o povo recusava-se a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem a parte alta da freguesia de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios… “Não entender patavina”. Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Não entendiam patavina. “Dourar a pílula”. Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do remédio amargo. “Sem eira nem beira”. Os telhados antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. “Canto do cisne” lembra o último canto dessa ave antes de morrer. Hoje lembra as ultimas realizações de alguém. “Ovo indês”. No interior, é comum deixar um ovo no ninho para a galinha não abandonar o local. O povo do interior o chama de “indês”. “Pega o ovo e deixa um deles, um dês, indês”. “Ouvidos de mercador”, na verdade, dizia respeito a mercador, que não atendia a reclamos. E batibute? Ora, vem de combat boot. Onofre designa na marinha o interruptor. Nossos navios eram ingleses, e o liga-desliga do aparelho vinha grafado como on-off. “Lágrimas de crocodilo”? Crocodilos choram, enquanto devoram suas vítimas. Ao engolir, o alimento faz pressão sobre o céu da boca do réptil, comprimindo as glândulas lacrimais. Muitas palavras em português têm origem deveras curiosa. Algumas delas: nossa moeda, moneda, em espanhol, money, em inglês. Na Antiga Roma, o dinheiro era cunhado em uma casa ao lado do templo da deusa Juno Moneta, sob cuja proteção o processo de cunhagem se encontrava. Suíte, quarto adjunto ao banheiro — “La chambre ensuite la salle de bain”, em francês. Terno é hoje calça e paletó. Antigamente, havia ainda o colete, somando três (terno) peças. Antigamente, tínhamos no Rio de Janeiro a loja Ducal — duas calças para quem comprasse um terno. Nostalgia deriva de nostos, retorno à casa, mais algia, dor, aflição. Equívoco geográfico interessante diz respeito ao Canal da Mancha. Deveria se chamar Canal da Manga (de camisa). Ocorreu aí uma tradução equivocada. La Manche é manga de camisa em francês. Os alemães o denominam de Ärmelkanal, e os italianos, de La Manica. Realmente, o canal tem o formato dessa peça do vestuário. (continua numa das próximas edições)

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