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O BRASIL A CRISE DO DESAFIO


  19 de setembro de 2013

O Brasil a Crise do Desafio

                            José Carlos Buch

Certo professor de arquitetura em Nova York lançou um desafio a seus alunos: dava uma bola de pingue-pongue, uma fita métrica e um cronômetro a quem se habilitasse a descobrir a altura de um edifício de uns vinte andares, com prazo de uma semana para execução da tarefa. Dez alunos se aventuraram em participar do desafio. Uma semana depois o professor perguntou pelos resultados. Só um aluno levantou a mão, e deu a altura do prédio, errando por poucos centímetros. Foi aplaudido de pé, enquanto explicava como, lançando a bolinha de um metro de altura ao chão e cronometrando o tempo da queda, montou uma complicada somatória de espaços e deduziu a altura do prédio. Ainda havia aplausos, quando um segundo aluno, do fundo da sala, gritou a altura exata do edifício, sem sequer um milímetro de desvio. Interrogado, explicou candidamente que foi ao zelador e, em troca da bolinha, da fita e do cronômetro, obteve, ainda que por escassos segundos, a planta da construção, aferindo ali a altura exata. Na mais conceituada universidade de Administração de Empresas do Mundo, em Harvard, nos Estados Unidos, no primeiro dia de aula, o professor de economia pede a cada aluno para cumprimentar o seu colega que ocupa a carteira ao lado. Em seguida recomenda repetir o mesmo gesto desta vez com o colega do outro lado. Por fim, conclui. “Somente um de vocês concluirá o curso”. Os dois fatos relatados, embora acadêmicos, se presta para ilustrar o quadro instável e preocupante por que passa o nosso país no momento, sobretudo no aspecto econômico. É certo que a crise que hoje democraticamente atinge a todos, está avançando o sinal da tolerância e difere sobremaneira de outras, igualmente vividas. Verifica-se que a sua origem, é muito mais sedimentada na expectativa e na incerteza do que propriamente econômica. É certo que o governo tem grande parcela de responsabilidade. Todavia, é inegável que de um modo geral, todos somos os responsáveis. Empresários, sindicatos, instituições de classe e principalmente consumidores. Ao governo pode se atribuir o descontrole total de suas contas públicas, também conhecido como déficit público. Aos empresários, que ao invés de buscarem soluções, optaram pela remarcação por conta da expectativa de um índice nem sempre confiável. Os sindicatos, que de maneira geral, concentram-se muito mais na busca de conquistas sociais para a classe, quando deveriam se preocupar com instabilidade que ameaça os trabalhadores brasileiros, principalmente pelo risco que os mesmos estão sujeitos em engrossar ainda mais as estatísticas que retratam o nível de desempregados. As instituições de classe, por desconhecerem o poder de fogo que possuem, ao cobrar das autoridades, notadamente econômicas, soluções concretas e objetivas, abominando programas emergenciais e paliativos feitos com fins exclusivamente políticos e eleitorais. Por fim, aos consumidores, que via de regra não se preocupam em fazer valer seus direitos de cidadãos, e passivamente aceitam todo esse estado de coisas, inclusive as remarcações desenfreadas de preços dos produtos. De uma maneira geral, entretanto, o exemplo do universitário de arquitetura é válido. Ao invés de se buscar explicações matemáticas e teorias de economia complicadas, seria mais sensato, de posse das ferramentas disponíveis: capacidade de produção, administração séria e um imenso território inexplorado, fazer do Brasil, o mesmo que europeus e japoneses construíram no período pós guerra, ou mesmo tendo como espelho Taiwan, Formosa e Coréia na presente década, onde o trabalho tem provado que supera qualquer crise por maior que ela seja. Do contrário, seremos iguais aos dois alunos de administração de empresas de Harvard. Certamente não chegaremos ao fim da jornada. Este artigo originariamente foi publicado há 15 anos, na Revista Feiticeira nº 98, de setembro de 1998, cuja capa estampava a foto do Sr. Ramon Nobalbos e, com algumas ressalvas,  ainda se  mostra atual.

                                                                                              advogado tributário                                                                                  www.buchadvocacia.com.br                                                                             buch@buchadvocacia.com.br

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