O CENTRO VISTO DO ALTO (DE OUTRO PONTO)
O CENTRO VISTO DO ALTO (DE OUTRO PONTO)
José Carlos Buch
Para os que não me conhece ainda, gostaria de me apresent
ar. Sou o urubservador e há algum tempo, diferentemente do meu bando, escolhi como meu ideário de vida contemplar a cidade do alto. Nesses últimos dias, além do meu tradicional poleiro no alto do Edifício Drogasil, tenho pousado também no teto do Edifício Giselda, na Rua Pará esquina com a Rua Minas Gerais. Na verdade, ver a cidade de outro local foi sugestão da minha namorada Urubina, que me convenceu a vislumbrar novas caras, novas lojas, o movimento das pessoas no entorno da Praça Monsenhor Albino e até mesmo os frequentadores da Igreja Matriz, que são poucos. Nessas manhãs frias, não são muitos os que se aventuram a sair de casa, mas com o aquecer do sol, as calçadas começam a ficar movimentadas de pessoas e as ruas de veículos. Esse movimento não é refletido no interior das lojas, onde as vendedoras conversam entre si a espera de clientes cada vez mais minguados. Vendas aquecidas mesmo, somente nas duas lanchonetes que vendem salgados a R$1,00 – uma na Rua Brasil esquina com a Recife e outra no “Ipanema Bar” do Paulinho, na Rua Cuiabá, logo após a Rua Brasil –. Nessas duas casas não faltam clientes e o atendimento é rápido, o que não impede a formação de filas, ora maiores, ora mais curtas, principalmente próximo à hora do almoço. Como se vê, em tempos de crise, a combinação comida barata + boa qualidade é garantia de sucesso. Minha namorada Urubina, que não é boba nem nada, me disse que, se pudesse toparia saborear uns salgados, mesmo que fossem as sobras. Daqui onde estou consigo ver que poucos frequentam a igreja no período da manhã, a maioria pessoas da terceira idade que buscam uma proximidade maior com Deus. Os jovens seguramente não encontram tempo para conversar com o divino porque o whatsapp, instagram e outros aplicativos tidos como “rede social” os fazem ignorar a bíblia, o evangelho, o rosário, a missa e o culto que, para eles só existem em casamentos e em alguns outros eventos especiais de celebração. Enquanto a tecnologia – leia-se celular – cada vez mais contribui para afastar o ser humano de Deus, mais aumentam os índices de crimes, assaltos e furtos, neles incluindo assassinatos covardes de jovens que perdem a vida mesmo não resistindo em entregar o celular ao bandido. Nesses episódios que se repetem em quase todos os dias, principalmente nas grandes cidades, vê-se que, para esses bandidos, a vida humana vale menos do que um simples celular. Mas, mudando de assunto, hoje é domingo e enquanto você com a televisão ligada está lendo essas minhas urubservações, lembre-se que para mim é um dia monótono e triste, pois falta o pulsar do movimento das lojas e dos bares e o vai e vem de pessoas nas calçadas e carros nas ruas. O que salva o domingo é o caminhar das pessoas antes do início e ao término da missa das nove horas na Igreja Matriz e, a partir das onze e meia o movimento do Restaurante Paulinho´s, que, daqui posso sentir o cheiro gostoso de comida e ver o cardápio anunciando que hoje, além de feijoada, tem leitoa assada. Hummmmm, nessa hora sinto inveja de quem pode desfrutar dessas delícias! Tomara a segunda feira não tarde a chegar, pois o que para muitos é um martírio iniciar a semana, para mim, do alto dos meus postos de observação é um deleite. Ups, Urubina está me convidando para um voo panorâmico e, convite da namorada não se recusa não é mesmo? É sempre bom lembrar do velho ditado – manda quem pode, obedece quem tem juízo –. Fui!!! Até o próximo episódio, quem sabe contando novidades de outro ponto do centro da cidade. Ass. Urubservador.”
advogado tributário
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