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O FASCINANTE REINO DAS ABELHAS


  20 de fevereiro de 2014

O FASCINANTE REINO DAS ABELHAS

                                                        José Carlos Buch

No tempo da monarquia,  o deslocamento do rei ou da rainha exigia, além de um planejamento estratégico,  uma carruagem especial com aposentos luxuosos, cocheiros treinados, carruagem para os asseclas,  batedores fortemente armados montados em cavalos selecionados  e inúmeros seguranças, igualmente armados. Nos tempos atuais, os preparativos e o sofisticado aparato destinado aos governantes,  quando dos seus deslocamentos, não é muito diferente. No mundo das abelhas, quando uma jovem rainha,  que foi escolhida para essa missão,  sai da colmeia para reinar em outra, o seu deslocamento é cercado de uma logística de dar inveja. Enquanto a jovem rainha está sendo preparada, consumindo exclusivamente geléia real e cercada por abelhas operárias(criadas), um grupo de menos de cem abelhas, normalmente entre setenta e oitenta,  também conhecidas como batedoras,  sai em busca de um local seguro para abrigar a rainha e todas as súditas. Depois de muitas visitas,  buscas e pesquisas,  o lugar  escolhido é preparado para receber o novo enxame. No trajeto, a rainha é a única que voa em linha reta. Todas as demais voam em círculo ao seu redor até chegar à nova morada. Isso ocorre quando estão enxameando e no percurso, todas levam uma reserva de mel nos papos e tem dificuldade para dobrar o abdômen e picar. De vez em quando elas pousam para descansar; é quando se amontoam em um canto formando um “cacho” em torno de sua rainha e se abrigam em locais como cobertura de garagem, árvores e outros. Se eventualmente o local escolhido for alterado por fatores estranhos, tornando-se inapto para receber a rainha e o exame, outro local precisa ser improvisado de imediato, já que a nova rainha não poderá retornar à antiga casa, onde outra está a reinar. O que é interessante nesse  episódio é que todas as abelhas batedoras pagarão com a própria vida, pois o fato de terem indicado local inadequado para abrigar a rainha é considerado imperdoável ato de traição. Assim, uma vez acomodado o exame  em novo local, uma a uma das abelhas batedoras são sacrificadas e atiradas para fora da colmeia, forrando o chão.  A nova colmeia começará então com o seu trabalho milenar, onde cada grupo tem uma tarefa específica e bem definida a desempenhar. A jornada começa com o nascer do sol e só termina quando este se põe no horizonte. Numa colmeia, as abelhas possuem uma hierarquia: as operárias trabalham para trazer o alimento (pólen e néctar), vigiar, limpar e cuidar das larvas. Os zangões (em pouca quantidade) tem a função exclusiva de fazer o acasalamento com a rainha e garantir a reprodução. Já a abelha rainha é a responsável exclusivamente pela reprodução. A abelha rainha  leva de  15 a 16 dias para nascer e, a partir de então, é acompanhada por um verdadeiro séquito de operárias, encarregadas de garantir sua alimentação e seu bem-estar. Após o quinto dia de vida, a rainha começa a fazer voos de reconhecimento em torno da colmeia. E a partir do nono dia, ela já está preparada para realizar o seu voo nupcial, quando, então, será fecundada pelos zangões. A  rainha  escolhe dias quentes e ensolarados, sem ventos fortes, para realizar voo nupcial. Para atrair os zangões de todas as colmeias próximas, a rainha libera em pleno voo, um ferormônio sexual que é captado pelos machos a quilômetros de distância, e como voa em alta velocidade e grandes altitudes, a maioria dos zangões não consegue acompanhá-la. Assim, ela faz uma seleção natural, pois somente os machos mais fortes e rápidos conseguem segui-la. O zangão paga com a própria vida pelo ato de fertilização da rainha, que chega a botar mais de vinte e cinco mil ovos por dia.  Quando nascem duas abelhas rainhas, em uma única colmeia, elas lutam até a morte para ver quem assumirá a exclusiva missão de garantir a reprodução da colônia. As abelhas operárias encarregadas de buscar o alimento (néctar das flores) chegam a voar dois  quilômetros de distância do local da colmeia  carregando um volume maior que seu peso corporal, visitando mais de 500 flores durante o dia. Não há descanso, mas o trabalho é prejudicado com a  chuva.  Quando chega o inverno, as abelhas ficam recolhidas no ninho, mas isso não quer dizer que estão hibernando. Elas se juntam ao redor da rainha, formando uma bola. Neste momento, as operárias batem suas asas, produzindo calor para aquecer o corpo. Por isso, mesmo no inverno, a temperatura do interior do ninho se mantém em 33º C. No inverno, os alimentos que foram armazenados durante o ano são consumidos na manutenção da família.  Parte do mel produzido é destinado à alimentação da própria colmeia, mas a rainha só se alimenta de geleia real.  Diariamente é feita limpeza e higienização da colmeia e,  as abelhas que morrem,  são eliminadas. A rainha vive em média de 2 a 5 anos, o zangão cerca de 80 dias e as operárias de 32 a 45 dias.  Cada abelha operária, produz em média,  duas gramas de mel por dia.  As abelhas possuem cinco olhos: dois maiores na frente e três menores no topo da cabeça. Possuem também antenas sensíveis, dois pares de asas e uma língua para sugar o néctar das flores. Uma colmeia de tamanho médio pode abrigar até 60 mil abelhas. Nos últimos anos a quantidade de abelhas tem diminuído em 1/3 no mundo. Pragas e pesticidas estão entre as principais causas desse fenômeno, que já afeta o Brasil. Seguramente o  mundo das abelhas é um dos mais fascinantes  existente na natureza e, no plano político e social,  constitui-se o mais sólido e duradouro regime monárquico existente no mundo, além de diferente,  pois não carece da presença de um rei. Pena que o homem,  ao invés de aprender com as abelhas,  está contribuindo, como em tudo,  para a destruição delas.                       

                                                        advogado tributário

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