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  30 de julho de 2020

OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO


OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO

                                                                                  José Carlos Buch

Quem passar em frente ao número 23 da Rua Álvares Penteado, no Largo da Misericórdia, região da Sé, em São Paulo,  vai se deparar com um edifício que tem um nome enigmático e ao mesmo tempo sublimado  –  “Ouro para o bem de São Paulo” –. A história desse prédio tem tudo a ver com a campanha do mesmo nome, que foi instituída  no estado em 1932. Todos os paulistas,  de uma forma geral,  já ouviram falar da  Revolução Constitucionalista de 1932, um confronto em que o estado de São Paulo se insurgiu contra o resto todo do país e que é comemorada no dia 9 de julho, data em que seu deu o início do conflito. Na época, o governo iniciou uma campanha que consistia na arrecadação de fundos, sejam quais fossem as doações, para equipar os combatentes paulistas. Muitas famílias da capital e também do interior participaram. Assim,  doações de ouro e joias eram comuns, além disso, muitas pessoas que não tinham recursos ou joias cravejadas de pedras preciosas para dar, entregavam suas alianças. Todos os que doaram algo, recebiam um certificado nominal com a frase “Doei ouro para o bem de São Paulo”. Porém, com a derrota de São Paulo, o conflito se acabou remanescendo muito ouro doado e não utilizado. Temendo a possibilidade do governo federal se apossar  das doações que tinham um fim e propósitos específicos, já que quem doou apoiava São Paulo contra o resto do país, o governo do estado decidiu destinar tudo o que restou à Santa Casa de Misericórdia da cidade. A escolha da Santa Casa de Misericórdia se deu, porque a administração do hospital, e todos os que lá trabalhavam à época, contribuíram fortemente no tratamento dos combatentes, evitando inclusive muitas possíveis mortes, sem esquecer que alguns funcionários foram para a linha frente apoiar os soldados e dar  e lhes dar atendimento. Com  a doação, a Santa Casa de Misericórdia, no ano de 1935,  instituiu um concurso para escolher o melhor projeto para a construção de um edifício em um terreno que já lhe pertencia, onde seria aplicado todo o ouro arrecadado. O vencedor foi um projeto apresentado pela Severo & Villares Cia Ltda., com apoio do Escritório Técnico Ramos de Azevedo. E agora, vem o mais interessante –  concluído no ano de 1939, todo em estilo Art Decó –, o Edifício  ganhou o nome de “Ouro para o bem de São Paulo” e representa exatamente a bandeira do estado tremulando, com suas 13 linhas, representadas em 13 andares, e ao lado esquerdo, um mastro anelado, para representar as alianças doadas, com um capacete no topo, que representa justamente as tropas que foram à batalha. O prédio bastante conservado conta um capítulo importante da história do estado e também da cidade de São Paulo. Dentro do museu da Santa Casa de Misericórdia, é possível conferir ainda todos os nomes dos doadores da campanha que,  possivelmente serviu de  inspiração para uma outra lançada em 1964, com o nome de “Ouro para o bem do Brasil”. Mas, essa é uma história que será contada no próximo artigo.

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