PRODUTOS QUE MARCARAM ÉPOCA
PRODUTOS QUE MARCARAM ÉPOCA
José Carlos Buch
O Brasil é um celeiro de produtos que marcaram a infância dos jovens da geração dos anos 50 e 60 e que caíram no esquecimento com o decorrer do tempo. Marcas, produtos e até mesmo peças de decoração que um dia estiveram em evidência, hoje sequer são lembrados. O artigo de hoje pretende resgatar alguns desses itens que marcaram época, retroagindo no tempo, longe, porém, de esgotar o assunto, posto que muitos seguramente não serão lembrados. O clássico pinguim de geladeira desapareceu depois de habitar as cozinhas por décadas. A carruagem de madeira ou compensado em preto afixada na parede do abrigo na entrada das casas, também tomou um chá de sumiço. Todas as casas praticamente tinham escovão – aquele mesmo que deixava o piso de vermelhão brilhando após a aplicação da cera Parquetina ou Colmeina. Interessante que se usava principalmente aos sábados e ninguém reclamava de dor nas costas ou problema de coluna no dia seguinte. Hoje, impensável o seu uso! No final da década de 50 e início dos anos 60 surgiram as primeiras enceradeiras Walita e o escovão, aos poucos foi perdendo espaço. Hoje, enceradeira e escovão não passam de peças de museu. Máquina de costura Singer ou Vigorelli – toda noiva recebia dos pais uma de presente, ainda que não soubesse costurar. Nossas avós ainda as guardam com carinho e, o que é interessante, funcionam perfeitamente bem até hoje. Cesta de Natal Amaral que, além do sorteio de casas aos participantes que pagavam o carnet mensal em dia, recebiam no final do ano uma completa cesta com bebidas importadas e produtos enlatados. Rádio de mesa que era uma verdadeira caixa de abelha, mas possuía ondas médias, curtas e longas e à noite era possível sintonizar as Rádios Nacional, Bandeirantes, Eldorado e Tupi, todas de São Paulo, além da Rádio Difusora de Catanduva e outras de maior potência do Rio de Janeiro, como a Rádio Mundial. Viajava-se pela Varig(eleita o melhor serviço de bordo do mundo por vários anos), Vasp, Cruzeiro do Sul ou Transbrasil ou nos ônibus da Viação Caparroz, Expresso Brasileiro e Cobratur e, ainda de trem que demorava de oito a dez horas pra chegar a São Paulo, mas era bem bucólico. Movimentava-se contas no Banco Real, Brasul, Comercial do Estado de São Paulo, Comind, Nacional, Mercantil do Brasil, Bamerindus ou Banco Auxiliar, dentre outros menores e era comum fazer borboleta. Aplicava-se em poupança na Aspa ou Delfin, que quebraram dando um calote em milhões de poupadores. Eletrodomésticos – comprava-se na Loja Arapuã, a maior rede de lojas do país ou na Modelar, ambas com sede na cidade de Lins, e ambas faliram. Em São Paulo, Mappin e Mesbla lideravam o conceito de lojas de departamento. Refrigerante Mirinda, Crush, Grapette, Guaraná Paulista e Cerejinha e o chocolate Lolo da Nestlé, bala soft, drops Ducora e chiclete de bola ping-pong, eram os refrigerantes e guloseimas mais consumidos. Circulava-se de fusca 1300, Gordini, Dalphine, DKV-Vemag, Sinca Chambord, Corcel, Aero Willys e Rural Willys. Os mais abastados desfilavam pelas ruas do centro e viajavam de Galaxie 500 ou Dodge Dart. Pedalava-se de Monark ou Caloi, que concorriam com a importada Philips e andava-se Lambretta e Vespa, que não ceifavam a vida de jovens como hoje acontece com as motos. Usava-se terno de tropical inglês, roupas de tergal, lycra, seda, flanela e camisas Volta ao Mundo. Calçava-se sapato Vulcabrás ou Passo Doble, tênis Keds ou Bamba para fazer educação física no colégio. Para lavar roupa usava-se o sabão em pó Rinso(o que lava mais branco) ou sabão em barra Minerva ou Vale quanto Pesa. Para o banho não podia faltar um dos sabonetes da época: Eucalol, Carnaval, Ross, Rexona ou life boy. Usava-se desodorante Van Ess, perfume Rastro, Trim, brilhantina Glostora e Lakê no cabelo, creme dental Kolynos e close-up. Fotografava-se com máquina Olympus 35 mm. usando filme da Kodak(kodacolor) ou Fugi(fugicolor). Ouvia-se o programa do Hélio Ribeiro e Luiz Aguiar(Os brotos Comandam) na Rádio Bandeirantes e Barros de Alencar na Rádio Tupi. Assistia-se seriados nos cinemas na sessão do troco, hoje conhecido como preço único. Lia-se o jornal A Cidade, o Diário de São Paulo e as revista Cruzeiro e Feiticeira. Assistia-se a TV Tupi ou Excelsior, em preto e branco, é claro! A vida era mais simples e não se tinha tantos boletos pra pagar nem tantas preocupações com a instabilidade, insegurança, stress, governos e políticos corruptos. Mas, os tempos são outros, a vida mais atribulada às vezes não nos permite até mesmo de lembrar os idos tempos e dos produtos e marcas que fizeram parte da nossa vida. No entanto, como alguém disse um dia – “Recordar, também é viver”.
(Este artigo é dedicado ao professor Arlindo Augusto Manzoni, que acreditou neste colunista, quando ainda este era um menino e, é um exemplo de tolerância, sabedoria, dignidade e de amor ao próximo)
advogado tributário www.buchadvocacia.com.br buch@buchadvocacia.com.br