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PROFESSOR PASCHOAL


  20 de agosto de 2013

PROFESSOR PASCHOAL

                                                                 José Carlos Buch

No próximo dia 27, há 85 anos,  um grande mestre, cientista, pesquisador e paleontólogo, nascia na cidade de Amparo. Sua infância consistia em brincar entre os vagões da estrada de ferro, em cuja estação da Vila Jaguari, seus pais exploravam um pequeno armazém de secos e molhados. Em Amparo fez o curso de admissão(intermediário entre o primário o ginásio) e como era muito rebelde, seu pai o colocou para estudar no colégio Liceu Salesiano N.Sa. Auxiliadora em Campinas. Seus companheiros de Liceu: Professor Neder Abdo, Pedro Pedrossian (foi governador do Estado do Mato Grosso), Celso Ming(cientista político da T.V. Bandeirantes) e teve ainda como professor  Francisco Amaral(foi Prefeito de Campinas). Chegou a levar bomba no segundo grau, graças a disciplina de matemática que a classificava como integrante das ciências desumanas. Em 1948, serviu o Tiro de Guerra em Amparo na condição de monitor e lembra que os comandados teimavam em não respeitá-lo. Nessa época,  como aluno do segundo ano do clássico, passou a substituir o professor de Filosofia, ante a ignorância deste. Formou-se na USP em São Paulo, que funcionava na Rua Maria Antonia e, no inicio da década de cinquenta, após prestar concurso público para o magistério escolheu a cidade de Andradina, sobretudo, para poder pescar no Salto de Itapura. Andradina contava à época com dez anos de emancipação político-administrativa  e o salário que recebia era superior ao salário de juiz de direito da cidade — qualquer coisa em torno de três mil dólares. Com esse super salário deu-se ao luxo de morar no melhor prédio da cidade, qual seja o prédio do cinema. Em 1952, transferiu-se para Catanduva, vindo a lecionar inicialmente no Colégio Estadual e Escola Normal Dr. Adhemar de Barros, atual Barão do Rio Branco, lá permanecendo por longos trinta anos até o ano de 1982.  Foi em Catanduva que começou a se interessar por pesquisas paleontológicas. Seu primeiro  achado consistiu num dente de animal que mereceu um artigo no jornal “O Bandeirante” sendo atribuído como dente de Dinossauro. Porém, foi a partir de 1960 que o seu trabalho ganhou maior relevância quando passou a dedicar-se com intensidade à paleontologia. Descobriu inúmeros sítios arqueológicos, sendo o mais próximo o localizado à margem da estrada de ferro na Vila Motta, nas imediações da COFOCAT. Em Fernando Prestes, descobriu também importante sítio arqueológico graças ao apoio recebido da FEPASA que cedia, quando necessário a maquininha da conserva, que permitia se deslocar juntamente com os seus alunos e colaboradores àquele local. O maior achado, na sua opinião, foi um “Eusuco” (Dinossauro de 7 a 8 metros), encontrado na Vila Motta, próximo à antiga COFOCAT. Entre Vila Roberto e Santa Adélia encontrou e não retirou um outro Eusuco que até hoje acha-se incrustado na rocha. O último achado, um Antartosauro de aproximadamente vinte e cinco metros foi encontrado no município de Uchôa. Esse animal, para ser uma idéia,  seria capaz de erguer a cabeça por sobre um edifício de três andares. Publicou  as seguintes obras: “Inverno em meus cabelos”em 1953, “Caminhos ásperos”; “Poesias quase boêmias”, todos de poesias.  Publicou ainda o livro pedagógico “Martírio Secular do Homem”, na década de sessenta. Sobre paleontologia publicou artigos diários no jornal “O Regional” no período de 1970 a 1972 e, ainda, na Revista Feiticeira. O livro que mais lhe tocou foi “Anibal Vieira – O lampião paulista, o terror do Sertão” editado pela IBEL no ano de 1961 e que,  quase se tornou novela do SBT, só não acontecendo porque o autor não concedeu autorização. Em nossa cidade viveu quase meio século, numa chácara nos altos da Vila SICOPAN onde, em meio às plantas medicinais de todos os tipos, árvores frutíferas, tartarugas e um casal de jacaré, podia ser  encontrado dentro da mais absoluta humildade e simplicidade, própria de todo pesquisador, de todo o cientista e quiçá dos gênios. O nome desse catanduvense titulado pela Câmara Municipal e notável ser humano: Professor Paschoal Roberto Turatto, que foi reconhecidamente um dos maiores paleontologistas do nosso país e que nos deixou o maior acervo de paleontologia de nossa região. Ao nos deixar em 73 anos, em 24/04/2002, percebendo menos de 20% dos três mil dólares quer era o seu salário no inicio de carreira,  levou consigo informações preciosas e  um arquivo inesgotável de conhecimentos, fatos e registros históricos, já que seu rico acervo, infelizmente, após virar entulho acabou desaparecendo.   Seguramente,  levou também a frustração que todo professor leva ao túmulo – a de ser pouco reconhecido pelos nossos governantes.

                                               advogado tributário

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