SESSÃO  SOLENE E  IMAGINÁRIA DA CÂMARA – PARTE I

                                                                  José Carlos Buch

(Este é um artigo de ficção. Seu único propósito é enaltecer e homenagear os vereadores e pessoas que ajudaram a escrever a história do poder legislativo da  cidade. Em memória de todos os nomes citados).

Todos os vereadores da casa foram convocados. A quase totalidade havia exercido o cargo sem remuneração(passou a existir somente a partir de 1977), contudo,  o idealismo não diminuía a intensidade das campanhas eleitorais na busca de votos e do convencimento do eleitor. Não existia horário político(graças a Deus!) e a comunicação com os eleitores se dava no corpo a corpo, através dos conhecidos santinhos(em preto e branco) que também eram publicados nos jornais e, eram comuns os inflamados discursos proferidos nos palanques dos comícios, normalmente montados sobre a carroceria de um caminhão. Nas esquinas também não existiam cavaletes nem tampouco pessoas contratadas desfraldando bandeiras ao vento. Os correligionários eram todos voluntários e apenas um ou outro  tinha algum intere$$e na eleição do candidato. Provavelmente os únicos remunerados eram os cabos eleitorais, que cuidavam de organizar campeonatos de truco na periferia, mediante pagamento de uma rodada de cerveja com a presença do candidato e fornecimento de baralhos novos; torneio de  malhas; doação de   bolas de capotão(como eram conhecidas); doação de alguns jogos de camisas (também chamados de fardamento) para times de várzea e outros quetais(vocábulo que só existe no dicionário formal). Esses cabos eleitorais também acompanhavam o candidato nas visitas às casas das pessoas, principalmente no bairro onde tinha certa influência ou relacionamento.  A grande maioria dos convidados, por não ter sido presidente, não possuía a sua foto adornada com bonita moldura aposta na parede em arco próxima da galeria, mas, nos anais da Câmara seus feitos estão registrados, ou deveriam estar. Muitos,  também,  esquecidos pelos que se sucederam, sequer emprestam o nome a uma das 940 ruas e 65 avenidas que dão mobilidade à cidade. A iniciativa da sessão solene  imaginária partiu do vereador Carlos Machado,  decano da casa que também liderou a comissão organizadora que era composta pelos vereadores Lúcio Cacciari, Gerson José de Camargo Gabas, Fuad Bauab e Altino Rossi. Lúcio ficou encarregado de escolher os oradores da noite; Gerson Gabas, de fazer a divulgação, pauta da reunião e protocolo; Fuad Bauab, de relacionar os convidados e fazer os convites e finalmente Altino Rossi, encarregado do cafezinho(Cafeara, o líder de mercado) e água de Ibirá(da empresa da engarrafadora do mesmo nome, que pertencia ao então empresário Elizeu Mardegan), que seriam servidos aos participantes durante a sessão e, também no  jantar que seria oferecido logo a seguir, no restaurante “A Cabana”, onde o Jorge Biazolli comandando  a  equipe de cozinheiros: Antonio Pires Barbosa(Goiano), Waltinho e Josefina) e o time de garçons: Ademir de Menezes(toureiro), Torineu Bernardes, Edemilson (sossego), Pedro de Souza(Pedrinho) e Guilherme de Souza(irmão do Pedrrinho),   como nos velhos tempos,  deveria recepcionar a todos.  Fuad se assessorou ainda dos préstimos do sr. José da Silva Figueiredo(pai do Paschoal Figueiredo), eterno funcionário da casa. Para muitos foram enviadas mensagens pelo canal exclusivo emailcéu; outros foram localizados pelo fhonecéu e  telecéu e tantos outros contatados pelo facecéu e pelo whatscéu. A comissão organizadora conseguiu localizar o experiente fotógrafo José Matsumura(Foto Studio) e o  convenceu a desaposentar suas câmeras “Pentax” e “Nikon”  para documentar fotograficamente o encontro. O evento ganhou tanto destaque que os jornais estavam preparando edição extra e recrutando jornalistas tradicionais para a cobertura, dentre eles: Jornal “O Regional” – Lecy Pinotti, Sérgio Dias(Lobão) e José Lino; “A Cidade” –  Nair e Onélio de Freitas; “O Cometa” – Mozart da Costa Nunes,   dentre outros. A rádio Difusora ZD5, por conta da sessão,  destacou para cobrir o evento:  Diomar Zeviani, Parcial Garré, Luiz Carlos Teixeira, Luis Carlos Chaves, e Pedro Gomes. A Voz de Catanduva, confiou a cobertura a Carlos Alberto Magalhães, Virgilio Britto, Antonio Rosinha e Álvaro Costa. Cada uma das rádios destacou  um  time de peso para a  transmissão ao vivo. O Depósito de Materiais para Construção Nechar, do ilustre Elias Nechar; o revendedor Crysler para a cidade e região Miguel Elias; a Raul Elias Indústria e Comércio de Ventiladores Ltda., a pioneira da cidade e a Casa Facci, calçados e chapéus, do Orlando Facci, eram os patrocinadores da Rádio Difusora de Catanduva.  Casa Progresso – Móveis e Eletrodomésticos do sr. Júlio da Cruz; A Modelar Calçados dos irmãos Manfrin – Aramis e Lauro(Tito); a Ótica Ocular dos sócios Jaddel Gonçalves Salgado e Acácio de Castro Filho; o Supermercado Serv Lev, do Elizeu Mardegan e, ainda, a Casa Soubhia, artigos para presentes,  do Daniel Soubhia, patrocinavam a transmissão da “A Voz de Catanduva”. O plenário nunca esteve tão repleto, as mesas e cadeiras foram substituídas para poder comportar todos os vereadores que confirmaram presença. Na galeria, além de todas as cadeiras ocupadas, foram disponibilizadas cadeiras adicionais e muitos dos presentes se encontravam em pé próximos às portas laterais. O público era constituído de antigos frequentadores, parentes e amigos dos parlamentares que marcaram época na cidade. Todos os convidados foram recepcionados pela comissão organizadora no momento em que era preenchida uma ficha de identificação e assinado o livro de presença. (continua numa das próximas edições).

Colaboraram com este artigo, Sebastião Dias Filho(Cucão da Classfarm), Izabela Cremonini-Coordenadora de Comunicação Social da Câmara e  Laiér Pereira da Silva,  que foi vereador nos período de 1973/77 e 1983/1989.

Este artigo é dedicado à minha tia, Emília Gambatti Buka,  um das primeiras leitoras da coluna que, antes de completar 81 anos, foi chamada para os campos do Senhor no dia no último dia 13.

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