SESSÃO SOLENE IMAGINÁRIA DA CÂMARA – PARTE VI
José Carlos Buch
(Este é um artigo de ficção. Seu único propósito é enaltecer e homenagear os vereadores e pessoas que ajudaram a escrever a história do poder legislativo da cidade. Em memória de todos os nomes citados).
Em seguida, o presidente anunciou a fala do vereador Nestor Sampaio Bittencort, ressaltando que este tinha presidido a casa no período de 1926/1930, sendo o seu segundo presidente. Também, sem demonstrar muita intimidade com o microfone, pois no seu tempo não havia esse equipamento, pigarreou, mas socorrido pelo funcionário da câmara que estava atento, Nestor iniciou o seu discurso, falando da honra e agradecimento em ter o seu nome atribuído a uma escola pública da cidade e que, desde o seu tempo a escola já se constituía no caminho mais curto para o desenvolvimento e crescimento de um país. Lembrou da cidade no final da década de vinte e início dos anos 30, destacando a crise de 29 e a imagem de milhares de sacas de café sendo queimadas; a dificuldade de se comprar gêneros básicos – açúcar, farinha e sal, principalmente, e depois a revolução de 32 que marcou a revolta de São Paulo contra o governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de um nova constituição. Lembrou que somente as ruas do centro da cidade tinham paralelepípedos e eram dotadas de rede de água e esgoto. Que apesar das dificuldades, Catanduva já demonstrava a sua vocação para ser uma cidade hospitaleira, receptiva, acolhedora, aconchegante e que não tinha como não se sentir enfeitiçado por ela. Destacou que a Câmara funcionava num prédio da Rua Alagoas, nº 137, onde hoje é o prédio da ACE, e as instalações nem de longe lembravam o conforto e a modernidade da casa atual. Ao encerrar, emocionado, agradeceu por ter sido lembrado e convidado para o evento. O próximo a ser anunciado para ocupar a tribuna foi o Dr. Armindo Mastrocola, presidente da casa no período de 1956 a 1958 e reeleito para o mandato até 1962. Dr. Armindo, com o seu tradicional óculos de lente bifocal esverdeada e terno de linho, iniciou o seu discurso enaltecendo a figura do presidente, amigo de longa data, agradeceu a comissão organizadora e se disse feliz por rever tantos amigos, companheiros da mesma jornada e partidários do mesmo ideal. Traçando um paralelo entre a década de sessenta e a época atual, lembrou que tudo evoluiu, menos a cabeça dos políticos que trocaram o idealismo pelo inter$$e pessoal, tanto é fato que a classe política é a mais desmoralizada do país. Citou o caso de um determinado politico que está há décadas na vida pública e que, apesar da lei da ficha limpa e de ter sido condenado num fórum internacional pelo desvio de bilhões do dinheiro público e, por conta disso, estar sendo procurado pela INTERPOL, continua a fazer campanha para tentar a reeleição como deputado federal. Um acinte! Citando a medicina de imagem, que era a sua área, destacou que a evolução foi espantosa, pois modernos aparelhos agora permitem a obtenção de imagens coloridas e em 3D de órgãos ou partes do corpo humano e até mesmo operá-los, através de cirurgias pouco evasivas que não requer mais do que um dia de internação. Sublinhou que na sua especialização – radiologia – a técnica continua a mesma desde a descoberta do Raio X pelo alemão Rontgen, mas a nitidez das imagens e os recursos técnicos dos novos equipamentos são impensáveis. Voltando à politica, comentou que tinha muita saudade do seu longo período de vereância e dos seis anos em que presidiu esta casa democraticamente. Que o aprendizado desta casa o fez alçar vôos mais altos chegando a ser deputado federal, diretor do IBC-Instituto Brasileiro do Café, e representar com dignidade a cidade e região. Finalizou dizendo do orgulho de ser catanduvense e aqui construído sua família e a sua vida profissional, tendo legado ao seu filho e sucessor a continuidade da clínica que leva o seu nome. Sob aplausos, agradeceu e retornou ao seu lugar. Dr. Édie José Frey, o sexto da lista inscrito foi anunciado logo após a fala do Dr. Armindo. Com a calma e a serenidade que lembrava os acordes sonoros de uma música suave brotada das cordas e do arco de um violino, Dr. Édie saudou os presentes e lembrou da alegria de ter sido homenageado por esta casa no ano de 2003, quando teve a honra de receber a maior comenda do munícipio que é a medalha 14 de abril. Passando os olhos pelo plenário, fez questão de destacar as virtudes de cada um dos seus pares da época de vereância. Descreveu a tristeza de ver o seu PMBD que nasceu MDB, envolvido com casos de desvios de recursos e comprometido até pescoço com o governo do PT que, no seu entender, não inspirava nenhuma confiança e igualmente permeado de casos de corrupção. No seu tempo, enfatizou — o MDB fazia oposição ao governo militar da ditadura, às ideias e aos projetos que eram implementados pela ARENA, sucedida pelo PDS e aos desmandos do governo. Hoje, destacou, o PMDB é governo e faz exatamente o que sempre combatemos –. Ressaltou que volta e meia tem se encontrado com Franco Montoro, que também não esconde a decepção e a revolta com a conduta dos que hoje coordenam o PMDB, de tantas glórias e combatividade. Voltando à Catanduva, lembrou com saudade quando participava dos concertos de música com o seu pequeno grupo, sendo que uma das apresentações se deu exatamente nesta casa numa de suas solenidades. Despediu-se e foi cumprimentado pelos mais próximos. (continua numa das próximas edições).
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