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TOUROS, ESQUINA DO BRASIL


  4 de outubro de 2019

TOUROS, ESQUINA DO BRASIL

                                                                  José Carlos Buch

Para quem gosta, a frase estampada numa camiseta na Feira de Artesanato de Natal –  “Viajar é trocar a roupa da alma” –,  é talvez a melhor definição do que é viajar. Viajar permite descobrir fatos históricos como a de Touros, que pode ter sido o local exato do descobrimento do Brasil, como também de Mossoró, que decretou a libertação dos escravos 5 anos antes da Lei Áurea, cuja história será contada na próxima coluna.  A pequena Touros, fica bem na esquina do Brasil e,  só por isso já mereceria ser destaque. A cidade tem a maioria de suas casas com pé direito bem baixo, uma enorme feira de rua às terças feiras, de fazer inveja e o moderno e novíssimo resort da rede Vila Galé,  que emprega 320 pessoas da cidade.   Distante apenas 88 quilômetros da capital Natal e 30 quilômetros de São Miguel do Gostoso, a cidade conta com 33.734 habitantes e busca ser reconhecida como o verdadeiro local do descobrimento do Brasil. Assim,  duas mil milhas separam a cidade de  Porto Seguro, na Bahia, mas poucos sabem que ambas possuem um ponto em comum: o descobrimento do Brasil. Pois é, a polêmica em torno do lugar exato onde Pedro Álvares Cabral desembarcou pela primeira vez no país poderá voltar à tona. O professor universitário Lenine Pinto, historiador e responsável por uma ampla pesquisa em torno do assunto, está finalizando mais um livro, desta vez intitulado “O Bando do Mar”. Na obra, dará continuidade ao seu primeiro livro, que tornou famosa a polêmica tese de que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte. No ano de 1998,  Lenine Pinto publicou a primeira edição do livro, que tinha por título “A Reinvenção do Descobrimento”. Naquela época, a publicação foi destaque nacional pela abordagem da temática do descobrimento e rendeu ao professor a participação em diversas palestras e programas de televisão. Em entrevista ao Portal Agora/RN, o docente afirmou estar animado com o novo trabalho que ele já vem desenvolvendo desde 2007. “Neste novo trabalho pretendo apresentar aos leitores mais detalhes desse importante período de nossa história, detalhes estes que não estavam na primeira edição”, relatou. Entre os pontos que o professor destaca como fundamentais para a tese da descoberta no Rio Grande do Norte, está o fato de Pedro Álvares Cabral, no dia em que implantou o Marco de Posse na praia de Touros, ter convocado todos os capitães para uma reunião em seu navio. No encontro, ele perguntou aos capitães se não seria conveniente enviar um navio de volta a Lisboa para contar ao rei Dom Manoel que eles tinham achado a terra. Ao saber da notícia, o rei de pronto já se dispôs a mandar, no ano seguinte. Outro ponto que ele ressalta é que Pero Vaz de Caminha, ao descrever a descoberta da terra, disse que a primeira coisa que viu foi um monte alto e redondo, que seria o Pico do Cabugi, segundo a tese de Lenine Pinto. O Monte Pascal, na Bahia, é uma torre, é cortado e não tem pico. “Isso aí é um atestado claro do descobrimento aqui”, ressalta. O professor também detalhou que o pau brasil nascia aqui no Rio Grande do Norte e se estendia até Cabo Frio, com uma interrupção na Bahia. “Em Porto Seguro não tinha Pau Brasil, muito menos açúcar, essenciais para a economia da época”, completou. O interessante em tudo isso é que próximo da cidade de Touros, no local chamado Forte dos Reis Magos,  existe um marco com a cruz de malta, símbolo da coroa portuguesa, a mesma que também se acha fincada em Porto Seguro. É por isso que em Touros existe uma placa com os dizeres –  “O Brasil nasceu aqui”. Pelo sim, pelo não, essa é uma história que a nossa história ainda não registra.   

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