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UM EXEMPLO DE NOBREZA E GENEROSIDADE


  31 de agosto de 2012

UM EXEMPLO DE NOBREZA E GENEROSIDADE

                                                                 José Carlos Buch

Na semana passada a Rede Globo encerrou a campanha “Criança Esperança”,  que conseguiu arrecadar do público brasileiro perto de R$18 milhões, um recorde nestes 27 anos de campanha. Seguramente foram alguns milhões de doadores de todo o país que contribuíram principalmente pelo telefone atendendo os reiterados chamados e vinhetas veiculados diuturnamente pela maior rede de televisão do Brasil.  Havia dez dias que os festejos de momo tinham chegado ao fim no ano de 2012 e as cidades ainda curtiam a ressaca daquele carnaval que teve como destaques Ivete Sangalo e a banda Chiclete com Banana.  Administradores buscavam meios  de efetivamente retomar a produção das empresas dentro do espírito de que o ano novo no Brasil começa somente depois do carnaval. Nas lojas, shoppings, escritórios,  clínicas e hospitais,  aos poucos,  a vida retomava o seu ritmo normal e a campanha da fraternidade veiculada na mídia tinha como lema: “fraternidade e os povos indígenas”. O Hospital Pio XII que dependia e ainda depende, em muito,  de doações para poder prestar um serviço gratuito de primeiro mundo aos pacientes do SUS ou não, sem distinção de pobre, remediado ou rico,  estava prestes a mergulhar numa crise sem precedentes. Faltava dinheiro para o salário do mês que se encerraria em nove dias e principalmente para o pagamento de fornecedores. Ao todo, a dívida beirava a dois milhões.  Numa cidade próxima de Barretos, uma senhora biúva, como gosta de se expressar para exprimir o seu estado civil, acabara de receber um cheque no valor de dois milhões, decorrente da última parcela da venda de uma fazenda. Ela poderia, como qualquer um faria, aplicar o dinheiro no banco, adquirir um outro imóvel, investir em ações, aumentando ainda mais a sua participação que é  expressiva numa instituição de primeira linha, enfim, dar o destino que lhe aprouvesse ao dinheiro. Contudo, um cochicho divino a fez  rumar para Barretos para visitar o amigo Henrique Prata. Era o dia 22 de março do ano de 2002 e o incansável administrador do hospital(ainda em construção),  lamentava a falta de  recursos e  o estado de insolvência que fatalmente teria início com iminentes protestos de duplicatas e boletos vencidos. Não é preciso dizer que o hospital não fechou e o cheque, após devidamente endossado, foi suficiente para pagar toda a dívida e a próxima folha de pagamento. Passa-se o tempo e,  há pouco mais de dois anos, novamente a benfeitora é convidada a participar de um outro projeto. Desta feita, o investimento compreendia a construção do prédio da unidade do Hospital do Câncer de Barretos em Jales. Apesar do valor expressivo, próximo de seis milhões de reais, o sonho do Henrique foi realizado, sem que ele precisasse se preocupar com o custo da obra. A moderna unidade foi  por ele, pelo governador Geraldo Alckmin e pela benfeitora,   inaugurada no mês passado com capacidade inicial para atender setecentos pacientes/dia, crianças, inclusive,  com padrão de construção de primeiro mundo e móveis e equipamentos, estes doados pelo Governo do Estado de São Paulo, de última geração. O conjunto da obra é de fazer inveja aos melhores hospitais do país.  Por razões óbvias, sequer ousamos mencionar as iniciais do nome dessa fantástica e fascinante mulher que nasceu pobre, socorre despojadamente parentes e, reconhece com gratidão e generosidade os seus funcionários e colaboradores. Apesar de octogenária, está à frente de suas fazendas, de seus investimentos e, ainda arruma tempo para contribuir anonimamente, partilhando parte dos resultados obtidos com os seus negócios, com instituições sérias e voltadas para o atendimento gratuito aos pobres. Suas doações não se resumem aos dois fatos aqui narrados, pois vão muito além disso.  Sozinha, em um único projeto, ela contribuiu com o correspondente a  1/3 de tudo o que foi arrecadado pela Rede Globo em um mês de campanha, isso sem precisar de uma linha de publicidade e,  sem com isso, ficar menos ou mais rica. De hábitos simples, antenada em tudo, cultiva o hábito  de ouvir o noticiário no rádio AM e ler o Estadão diariamente. Tem predileção por doce de laranja e relógios de parede do tipo “Cuco”. Não se cansa de dizer que Deus foi muito bom  para com ela, pois  nunca imaginou conseguir tudo o que possui. Difícil encontrar alguém tão poderosa e generosa e, ao mesmo tempo, tão desprovida de vaidade. A escassez de vaidades se deve a uma abundância de curiosidade e simplicidade. Nos seus mais de 80 anos, parece uma adolescente quando lhe contam uma novidade. Para ela, a felicidade reside em poder realizar, até mesmo os sonhos dos outros, fazendo bom uso do que tem. Para ela, seguramente a vida não está amarrada com um laço, mas é um verdadeiro presente.

                                                                 advogado tributário

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