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  6 de julho de 2017

CIDADE DO MÉXICO E SANTOS – ALGO EM COMUM


CIDADE DO MÉXICO E SANTOS – ALGO EM COMUM

                                                                           José Carlos Buch

Muitos apartamentos e salas do primeiro andar dos edifícios da cidade do México viraram subsolo. Esse fenômeno foi relatado ao colunista numa reunião descontraída de Rotary pelo engenheiro da SAEC Benigno Lopes Neto. No século 14, os astecas construíram a capital de seu império, chamada Tenochtitlán, em uma ilha no lago Texcoco. Com a conquista dos espanhóis, em 1521, a capital asteca foi destruída e, assim, iniciou-se a expansão territorial sobre o lago. As consequências do aterramento do Texcoco são sentidas hoje em dia, porque o solo se tornou frágil com o peso da cidade. Em outras palavras, há pontos que estão afundando, como é o caso da Basílica de Guadalupe e alguns monumentos. Tudo isso é reflexo de um crescimento urbano desordenado sobre um aterro alagadiço. Os danos se estendem por toda a cidade. A igreja de Guadalupe, onde outrora havia o templo do sol, atualmente enfrenta graves problemas estruturais, uma vez que além de estar afundando (já afundou em torno de 4 metros),  ela também está com suas estruturas seriamente comprometidas, visto que suas estacas de sustentação foram feitas com madeira que,  com os últimos 500 anos ficaram bem danificadas. Está, atualmente, sendo restaurada em sua estrutura, um trabalho de muitos anos. No Paseo de la Reforma, por exemplo, o monumento a La Independencia submerge 2 cm por ano e já afundou 36 metros. Quando foi erguido, em 1910, a base ficava à beira da rua. Com o desnível, o governo começou a colocar degraus de pedra embaixo do monumento para retardar seu afundamento. A causa principal está ligada ao excesso de extração de água do subsolo para abastecer a cidade e arredores. O Governo Mexicano já localizou 172 fendas. A cidade não tem abastecimento de água externa, por isso a obtenção da água é realizada dentro da própria cidade, desde 1930.  Há também a retirada de pedras e terra para construções nos arredores o que, os técnicos admitem que também contribuem para aumentar o problema. Além disso, as infiltrações da água de chuvas(de maio a setembro), o peso das construções, a circulação de muitos veículos, ajudam a aumentar os riscos de desabamento no subsolo, onde os terrenos não são estáveis. A cidade cresce com novas construções, a pressão aumenta pela necessidade de mais água, o lençol freático desce e o afundamento é inevitável por falta de sustentação.  Apesar dos esforços do governo para solucionar o problema, a capital mexicana – que é uma das mais populosas do mundo, com cerca de 20 milhões de habitantes – desce cerca de 15 a 20 centímetros por ano. No Brasil, fenômeno parecido se deu na cidade litorânea de Santos. Na década passada, foi feito um levantamento que constatou a existência de quase 100 edifícios com problemas de recalque, todos localizados entre a Ponta da Praia e a Divisa de Santos e São Vicente, sendo que a maioria se encontra na Avenida Bartolomeu de Gusmão (entre a Avenida Conselheiro Nébias e o canal 6). Isso tudo começou entre as décadas de 1950 e 1960, com o boom do mercado imobiliário na orla da praia. Os construtores da época, embora fossem avisados da situação do solo santista, ignoraram tal problema e construíram edifícios com mais de 10 andares sobre fundações rasas. Especialistas da época, após estudarem o solo do local, divulgaram estudos sobre recalques e previsões sobre as possíveis inclinações. Concluiu-se que, prédios com até 10 andares não apresentariam problemas do gênero e que, superior a isso, seria necessário o uso de fundações profundas. Entretanto, a ganância falou mais alto, afinal, prédios menores eram considerados desperdício e fundações profundas custariam caro. Resultado: prédios afundando e entortando,  cinco décadas depois de construídos,  com exponencial depreciação.  A solução para realinhar os edifícios foi usar macacos hidráulicos. No caso do conjunto Núncio Malzoni, cada prédio pesava em torno de 6.500 toneladas. Foram necessários catorze equipamentos hidráulicos para levantar as estruturas. A cada dia, elas subiam cinco milímetros. Os vãos eram preenchidos com chapas de aço, que serviram de suporte quando se alcançava o prumo e os macacos eram retirados. Em seguida, foram construídas estruturas de concreto que ligaram as vigas antigas às novas estacas – essas, apoiadas em uma camada de solo rochoso a 55 metros de profundidade. A recuperação de cada prédio teve o custo de R$ 1,5 milhão. Antes de serem reaprumados, os edifícios se tornaram “atração turística” na orla de Santos. Alguns moradores pensaram em colocar à venda seus imóveis, mas eles chegaram a desvalorizar até 75%, o que inviabilizou a possibilidade de venda. Por serem edificações antigas, construídas há mais de 50 anos, e ocupadas em sua maioria por idosos, a melhor solução – sob o aspecto econômico e social – foi realinhá-los. A Cidade do México,  com seus prédios e monumentos afundando  e Santos,  com seus prédios tortos, demonstram que, quando não se respeita as normas de engenharia e, principalmente os limites da  natureza,  o preço a ser pago é muito alto. 

                                                         advogado tributário

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